Barbara Reis: ‘Eu carrego o signo da negritude’

Por Raquel Pinheiro (@raquelpinheiroloureiro)

Barbara Reis – Foto: Priscila Nicheli

Barbara Reis foi fazer o teste para Aline, a protagonista de Terra e Paixão, confiante, mas “pé no chão”. “Se rolasse seria muito bom, mudaria minha vida. O ‘não’ eu já tinha, então fui muito correndo atrás do ‘sim’”, diz a atriz de 33 anos, que não só passou como faz história como uma das poucas protagonistas negras do horário nobre – a primeira foi Taís Araújo, em 2009, em Viver a Vida, em um time que conta ainda apenas com Camila Pitanga e Lucy Alves.

O impacto de sua escalação não é minimizado por Barbara. “Ser protagonista representa uma construção da imagem positiva do corpo negro, porque senão a gente fica acostumado a ver corpos negros só em lugares subalternos dentro da televisão”, afirma ela, que foi vítima de racismo ainda criança, na sala de aula, e diz que um casal inter-racial, como ela e o noivo, o ator Raphael Najan, sempre atrai olhares.

Na trama, Aline, viúva, vai se envolver com Caio (Cauã Reymond) e Daniel (Johnny Massaro), sendo alvo do afeto também do amigo Jonatas (Paulo Lessa). “A mulher negra é sempre vista como conselheira, cuidadora, ou como aquela mulher objetificada sexualmente (…); só a branca que é para casar. Aline veio para romper esses estereótipos todos: é uma mulher potente, inteligente, digna de ser amada por três pessoas”, aponta Barbara sobre a dimensão dada à personagem pelo autor Walcyr Carrasco.

Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli

Com a agenda tomada, a atriz, vista como a vilã Débora de Todas as Flores, no Globoplay, só sente a reação do público pelas redes sociais. Vai de casa para o trabalho e mal tem tempo de sair à rua no Méier, subúrbio tradicional onde mora desde criança e cresceu em uma família amorosa, dona de um pet shop (“passamos por dificuldades por conta da pandemia, mas o negocio se mantém de pé”).

Barbara, que se formou em Artes Cênicas e tentou fazer outras duas faculdades como “plano B”, não pensa por enquanto no casamento ou em ter filhos. Focada na carreira, ela comemora as vitórias, como conseguir se sustentar como atriz, profissão que escolheu ainda no começo da adolescência. “Mas estabilidade para mim é diferente de liberdade financeira. Então eu continuo correndo atrás dessa liberdade”, avisa.

Nos últimos anos vem se falando muito do protagonismo negro no audiovisual, e agora estamos realmente vendo atores pretos nos principais papeis de tramas não só na televisão, mas no streaming, cinema. Para você o que representa ser a protagonista de Terra e Paixão?
Ser protagonista de Terra Paixão representa essa construção da imagem positiva do corpo negro, porque senão a gente fica acostumado a ver corpos negros só em lugares subalternos dentro da televisão. Este movimento protagônico do negro é muito necessário para a gente criar essa memória positiva e lá na frente ver mulheres homens em lugares de destaque protagônicos mesmo. É muito importante para criar essa memória positiva.

Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli

Você já sentiu de que forma a sua representatividade está impactando outras mulheres pretas?Diariamente tenho recebido mensagens sobre a importância de onde eu estou e o que isso representa. São mensagens não só de meninas e mulheres, mas de meninos e homens também. Isso me deixa muito feliz, porque, quando um corpo negro é representado, ele representa todo mundo, independentemente de gênero.

Muitas atrizes – muitas mulheres pretas – falam sobre as dificuldades de se construir a autoestima em uma sociedade que por muito tempo diz que ‘bonito’ era apenas o branco, o caucasiano, e que não colocava a mulher preta em capas de revistas, propagandas… Como foi isso para você?
O racismo estrutural presente na sociedade é o reflexo disso. Por isso é tão importante a representatividade, Construir esse ideal , um horizonte possível, que a mulher negra é linda e incrível. Que os signos da negritude são belos e merecemos estampar as capas de revistas, sim!

“Quando um corpo negro é representado, ele representa todo mundo, independentemente de gênero”

Em Falas Negras você deu voz à ativista Rosa Parks. Um trabalho como esse ajuda você a se conectar ainda mais com a história do movimento negro, com a sua ancestralidade de alguma forma?Acho que eu nem precisava ter feito Falas Negras para fazer [mais] parte do movimento negro com a minha identidade, ou ancestralidade. Eu carrego o signo da negritude, o tom de pele, o tipo de cabelo. A minha existência já é a conexão imediata com a minha centralidade e identidade.

Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli

Você já foi vítima de racismo?
De forma explícita, eu tinha 6 anos de idade; fui declarar meu amor, minha admiração por um colega de classe e ele falou que eu não podia gostar dele porque eu era uma criança negra. Isso me marcou muito. E já teve ocasião de estar próxima ali da gôndola de xampu na farmácia e ter sempre uma pessoa perto vigiando se ia realmente pegar, comprar, levar ou colocar dentro da bolsa.

Sua personagem se envolve com Caio e Daniel, tem o Jonatas ali por perto e, claro, começa a trama casada com o Samuel. É uma conquista também mostrar essa mulher sendo amada, querida, disputada, quebrando com aquele lugar da solidão da mulher negra, comum inclusive na ficção?
A mulher negra é sempre vista como a Mammy [um estereótipo racista], conselheira, cuidadora, ou vista como aquela mulher objetificada sexualmente ou como a mulher trabalhadora, e só a branca que é para casar. Então Aline veio para romper esses estereótipos todos: é uma mulher potente, inteligente, digna de ser amada por três pessoas. Então é justamente para cortar esse estereótipo que foi implantado pelo racismo estrutural que a gente vive no nosso país.

Você imaginava ser escalada para viver Aline?
Eu estava quase concluindo Todas as Flores quando recebi uma ligação do produtor de elenco de Terra e Paixão para o teste. Fiquei meio reticente, liguei de novo para perguntar se era mesmo a protagonista, ‘é protagonista’. Quando você vai para o teste, tem apenas um recorte do que é o papel e um texto, e precisa de alguma forma agarrar todas aquelas informações para mostrar uma personagem possível. Eu fui muito confiante na atriz que eu sou, acreditando que era possível, sim, e com um desejo muito grande de ser [a protagonista]. Mas fui também com o pé no chão: se rolasse seria muito bom, mudaria minha vida. O ‘não’ eu já tinha, então fui muito correndo atrás do ‘sim’.

“Eu fui (para o teste de Terra e Paixão) muito confiante na atriz que eu sou, acreditando que era possível, sim. Mas fui também com o pé no chão”

Quando decidiu ser atriz acreditava que era algo viável, possível?
Eu sempre acreditei que seria viável, sempre. Era uma certeza da minha vida. Creio que isso foi muito por conta da minha base familiar, que me deu todo suporte. Eu sabia que podia contar com eles para correr atrás do meu sonho, daquilo que eu queria viver. Isso me deu muita confiança de que se eu persistisse, se eu tivesse resiliência, se eu tivesse calma, eu conseguiria viver disso. Então parte do que vivo hoje eu devo muito à minha família.

Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis — Foto: Priscila Nicheli

Você chegou a se formar?
Eu sou formada em Artes Cênicas, mas em paralelo, como um plano B, eu tentei fazer duas faculdades. A primeira foi de Comunicação Social, que eu precisei sair devido ao curso profissionalizante de atriz, que decidi que seria minha prioridade. Acabei trancando Comunicação para me dedicar ao que realmente me interessava e não voltei mais. Depois fiz segunda tentativa, com Produção Audiovisual. Mas também não terminei porque fui escalada para Velho Chico, tinha uma viagem de 45 dias para o interior do Nordeste. Acredito que foi um aviso da vida: meu destino mesmo era focar no caminho de atriz.

De onde veio a vontade de ser atriz? Você era daquelas crianças que fazia teatrinho, que já demonstrava uma veia para a arte?
Foi exatamente isso! Desde criança na escola, tinha sempre aquela professora que criava situações onde a gente pudesse se manifestar artisticamente e eu estava sempre querendo participar dessas manifestações, ela sabia que podia contar comigo. Com 12 anos, assisti uma peça de teatro da minha irmã e vi que eu queria fazer aquilo também de forma profissional.

Bem cedo…
Comecei a fazer teatro; fiz várias peças. Com 18 anos, entrei na escola de formação [de interpretação], me formei com 22 e passei a fazer teatro de forma profissional. Também fiz um curso de TV nessa mesma época, porque quis entender como funcionava a televisão. Vieram testes e mais testes até que em 2015 teve um para Dois Irmãos. Não rolou, mas fui convocada para ser elenco de apoio. Então foi uma coisa puxando a outra: esse elenco de apoio me rendeu um convite em Velho Chico, que me rendeu outro para Os Dias Eram Assim, que me levou ao de Éramos Seis. E foi assim até chegar hoje com a Aline de Terra e Paixão.

Barbara Reis usa body Haight e acesssórios Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa body Haight e acesssórios Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli

Como foi sua infância?
Tive uma infância muito estruturada, meus pais são casados até hoje e me davam todo o suporte familiar. Nasci na Tijuca [Zona Norte do Rio], de onde com 6 anos me mudei para o Méier, e vivo aqui até hoje. Foi uma infância em um ambiente familiar harmonioso, com meus pais sempre presentes, apesar de estarem sempre trabalhando. Meu pai tinha uma vida mais flexível, porque tinha uma empresa, e ficava mais tempo conosco; enquanto minha mãe trabalhava, era CLT, tinha um horário mais certinho. Então meu pai sempre me levava na escola, preparava meu lanche.

Seus pais apoiaram sua escolha em ser atriz?
Eu tive mesmo uma infância de base familiar muito fortalecida, que de todas as formas contribuiu para a formação de quem eu sou. Meus pais me deram toda a estrutura para que eu focasse nos meus estudos, naquilo que eu precisava para me tornar a mulher que eu sou hoje.

Barbara Reis usa body Haight e acesssórios Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa body Haight e acesssórios Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli

Voltando à Aline, como foi seu processo de composição da personagem?
Foi muito simples, sabe, porque a Aline é essa mulher simples. O ideal dela é parecido com o meu, o de um mundo melhor, de cuidar das pessoas, de determinação, de foco. Então eu me atentei a nossa composição de encontrar esse sotaque de forma sutil, porque só de encontrar esse sotaque já me modificaria enquanto atriz, já ajudaria muito no nascimento da Aline e aguardei para chegar no Mato Grosso do Sul e entender a dimensão desse meio ambiente onde a Aline vive. E aí eu consegui entender o porquê o Walcyr escrevia certas características dela, né? Porque esse meio rural onde se passa novela é uma coisa gigantesca. Então quando eu cheguei lá eu consegui realmente dar dimensão ao texto da Aline. Foi uma construção dia-a-dia assim, como começou a novela, mas antes disso a gente teve muitas leituras muitas trocas entre o que eu achava sobre Aline, o que o diretor Luiz Henrique Rios achava sobre Aline e também as impressões do próprio autor.

Foi difícil suavizar o nosso ‘X’ do sotaque carioca?
Foi, foi muito difícil, aliás, eu achei até que não conseguiria. Mas eu implementei na minha vida cotidiana o sotaque [da Aline], comecei a falar com as pessoas como ela, vivendo esse sotaque para eu não lembrar dele. Hoje consigo fazer as cenas sem ‘pensar’ no sotaque. Nada como a prática diária: com ela consegui tornar esse sotaque natural.

Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli

Terra e Paixão tem como pano de fundo o agronegócio, a disputa por terras, uma luta de classes, capitalismo. O que você sabia sobre o assunto antes de ser escalada para a novela?
Não dá para fugir muito do que a gente é. Eu sou uma mulher da cidade. Eu sou uma mulher urbana, então se eu dissesse que tenho conhecimento sobre o fato, estaria sendo negligente comigo mesmo e com o assunto. Mas não se pode negar que o agronegócio é muito importante para construção do nosso país, para a economia. Mas a busca pela igualdade é necessária. Precisamos melhorar o incentivo aos pequenos produtores que são tão importantes quanto os grandes para que assim a gente consiga encontrar uma igualdade social.

Aparentemente a vida de uma carioca urbana da gema e de uma professora do Mato Grosso não têm muito em comum. Qual o ponto de encontro entre a Barbara e a Aline?
É verdade, não tem nada mesmo em comum. As pontas que se encontram entre a Aline e Barbara são mesmo sobre ideais, a vontade de fazer e acontecer em prol de um futuro, que a gente sonhou – e ainda sonha – e tem certeza de que vai acontecer. É sobre essa semente da esperança mesmo: conquistamos aquilo que corremos atrás. É sobre a força da ação; ser focada e mesmo com as adversidades conseguir conquistar o que a gente quer. Além disso, tem o trabalho, porque eu trabalho muito e a Aline também trabalha muito para ter o que quer.

Barbara Reis  usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli

Essa é a segunda vez que você trabalha com Gloria Pires, mas agora ela é a vilã e você a ‘mocinha’. Acostumou ou finge normalidade?
Eu finjo normalidade (risos)! Gloria Pires é uma entidade da nossa dramaturgia e é um lugar muito sutil de aprendizado. Ela é magnética, ela é enigmática e dentro de tudo isso tem um carisma e uma generosidade ímpar. A gente agora troca em um lugar invertido, onde eu sou mocinha e ela é vilã. Eu estou muito feliz.

E como é conviver com os outros atores?
Estou amando demais, meus parceiros de cena são pessoas incríveis, generosas. Cauã Reymond é um ícone de talento da nossa geração masculina. Paulinho Lessa com quem já tenho um histórico de trabalhos passados; super talentoso, dedicado, concentrado, o que contribui muito para o sucesso das nossas cenas. O Johnny Massaro que é uma grata surpresa, aprendo muito com ele, com a doçura, com a sensibilidade que ele traz. Sem falar de Tony Ramos, de Susana Vieira, os grandes da nossa dramaturgia, com quem eu tenho cenas importantíssimas. A generosidade do Tony e o carisma da Susana são características que quando estou em cena com eles me transborda a alma.

Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli

Em Todas as Flores você teve cenas mais quentes. O que o público pode esperar nesse sentido em Terra de Paixão?
Todas as Flores está no streaming, então esse apelo de cenas mais quentes é mais possível. Há uma diferença entre as duas personagens, a Débora, essa mulher mais sensual, que realmente utiliza dessa ferramenta para conseguir o que quer. Acredito que em Terra e Paixão essas cenas mais quentes podem acontecer e espero que aconteçam também, porque Aline é uma mulher ativa, que está aberta para o amor. Não no primeiro momento da novela, mas ela se abre para o amor e pode ser que seja possível sim.

Seu personagem em Todas as Flores é bem vilã. Com está com a expectativa de como o público vai ver essa mudança? Dá medo?
No meu trabalho como atriz eu tento sempre deixar uma marca e graças a Deus até hoje todas as personagens que fiz são bem diferentes entre si. Já estou vendo que as pessoas entenderam que a Débora é muito diferente da Aline e isso carimba essa minha versatilidade enquanto atriz , que eu consigo implementar ferramentas nas minhas construções de personagens e que diferem uma da outra. Eu já estou tendo essa resposta do público que realmente a Aline e a Débora são pessoas completamente diferentes.

“Já estou vendo que as pessoas entenderam que a Débora é muito diferente da Aline e isso carimba essa minha versatilidade enquanto atriz”

Você e Raphael Najan já estão juntos há dois anos e ficaram noivos. Já sabe quando vai casar?
Meu casamento no momento é com Aline. Eu na verdade sou uma pessoa que ando muito com os pés no chão e vivo um dia de cada vez. O noivado foi apenas para a gente ter certeza de que gosta de estar junto. Em relação a casamento, festa, isso não é uma preocupação. Não é um vislumbre de algo próximo.

Raphael já é pai. Vocês pensam em ter filhos?
Não penso em ter filhos no momento porque a minha carreira artística está num momento em que eu preciso realmente focar nela. Eu estou totalmente voltada para mim.

Interpretar uma mãe te deu um pouco mais de entendimento da maternidade?
Com certeza não. Acho que não tem nem como comparar ser uma mãe na ficção sendo que eu não sou uma mãe na minha realidade de Barbara. Eu não tenho a vivência de uma mãe. Eu tenho a minha experiência com a minha mãe e referência de outras mães, e é isso que eu tento colocar na história da Aline. Mas entendimento sobre maternidade acho que só sendo mãe para realmente entender isso.

Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli

Como fica relação com Raphael agora com essa agenda apertada de gravações?
Está sendo incrível. Porque a partir de um momento que você tem a certeza de que tem um companheiro que te apoia, que te suporta quando você precisa… E esse realmente é o momento muito delicado profissionalmente, pessoalmente. A gente tem se priorizado, eu tenho priorizado muito meu relacionamento com ele, e estamos mais unidos, mais fortes do que nunca.

Como é esse apoio na prática?
Raphael me dá o suporte emocional que eu preciso nos dias que eu estou mais cansada, ele sempre se coloca à disposição de fazer um jantar. Ele sempre se esforça ao máximo para estar do meu lado, ele prioriza prioriza estar comigo em dias de folga da novela em que eu preciso fazer outros trabalhos. Ele quer sempre estar junto e isso fortalece o relacionamento. A gente está vivendo um momento muito bom no nosso da nossa história.

Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nichelii

Vocês sofrem com racismo enquanto casal?
Olha, depende da ótica. Só posso falar sobre a minha experiência e vivência cotidiana. Eu nunca senti nenhuma intenção conosco num espaço público, mas como o racismo no Brasil tem as suas sutilezas, obviamente que um casal inter-racial sempre acaba sofrendo olhares ou reações.

Você ainda vive no Méier? Pensa em se mudar?
Vivo sim, eu amo morar no Méier. Eu não sou fechada à nenhuma possibilidade de mudança. Sou uma pessoa muito fluida nesse sentido. Não penso agora em me mudar, mas, se pintar a oportunidade, não estou fechada à mudanças, não.

Com Todas as Flores bombadíssima e a repercussão inicial favorável de Terra e Paixão , você ainda consegue andar na rua, ir à padaria, fazer mercado?
Eu tenho trabalhado tanto que desde Todas as Flores eu não parei. O ápice de Todas as Flores veio agora nessa segunda leva de capítulos e minha vida tem sido casa e estúdios Globo, então eu ainda não tenho sentido na minha vivência cotidiana, na rua, esse calor do público. Mas as minhas redes sociais estão muito aquecidas, e estou ficando encantada com meu reconhecimento, com o carinho e amor e torcida.

Sua profissão é muito difícil, quanto tempo levou até conseguir viver da sua arte?
Diria que foi dos 20 aos 25 anos, quando estava estudando interpretação diretamente para televisão, fazendo testes até conseguir meu primeiro papel. Ser atriz é uma grande guerra. É como se cada trabalho que eu fizesse fosse uma guerra para continuar seguindo para a próxima barricada, para fincar a bandeira de permanência. Este trabalho [Terra e Paixão] que vai me alçar a lugares jamais vistos, tenho certeza. Mas eu não encaro ele como vencido.

Como assim?
Porque é uma guerra, é uma luta e eu preciso fincar essa bandeira para que eu consiga viver da minha arte até os últimos dias da minha vida.

“Ser atriz é uma grande guerra. Eu preciso fincar essa bandeira para que eu consiga viver da minha arte até os últimos dias”

Alcançou a estabilidade financeira?
Acredito que sim. Acho que a partir do momento que eu saí da casa dos meus pais, eu posso dizer que estava segura para que eu conseguisse me manter com o meu trabalho e também com muita fé no futuro no desenvolver da minha carreira. Mas estabilidade para mim é diferente de liberdade financeira. Então eu continuo correndo atrás dessa liberdade.

Entrevista: Raquel Pinheiro | @raquelpinheiroloureiro
Fotos: Priscila Nicheli | @priscilanicheli_ph
Styling: Victor Mazzei | @victormazzei
Beleza: Titto Vidal | @tittovidal
Assistência de fotografia: Alex Bracarense
Design de capa: Eduardo Garcia | @eduardogarda
Agradecimentos especiais: Leandro Alencar

Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli
Barbara Reis usa vestido Sacada, pulseira Lilac e brincos Ylla Concept — Foto: Priscila Nicheli

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