Empresários parceiros do nazismo ficaram bilionários e ergueram marcas famosas

Jornalista mostra em livro como magnatas alemães ajudaram a financiar o partido de Adolf Hitler
Reinaldo José Lopes

criança vestindo uniforme nazista ao lado de dois adultos
O jovem Harald Quandt, com a mãe, Magda, e Joseph Goebbels em 1931, em imagem contida no livro ‘Bilionários Nazistas’ – Divulgação

SÃO CARLOS (SP) – Alguns dos maiores bilionários da Alemanha de hoje —gente ligada a marcas-símbolo da indústria e dos negócios do país, como BMWVolkswagen e Allianz— pertencem a dinastias empresariais que foram parceiras de primeira hora do regime nazista.

Um novo livro detalha como esses magnatas ajudaram a financiar o partido de Adolf Hitler, se apossaram de empresas fundadas por judeus e se aproveitaram de milhares de trabalhadores escravizados durante a Segunda Guerra Mundial.

Os pormenores dessa história estão em “Bilionários Nazistas”, obra do jornalista holandês David de Jong que chegou recentemente ao Brasil. Segundo o autor, um simples casamento de conveniência está por trás do êxito dos personagens do livro durante o Terceiro Reich. “A maior parte desse grupo era composta por oportunistas impiedosos, que seriam capazes de prosperar em qualquer sistema político”, explica De Jong.

“Era gente que começou ganhando bastante dinheiro na época do Império Alemão [antes e durante a Primeira Guerra Mundial], continuou lucrando durante a República de Weimar [fase democrática da Alemanha após a guerra] e, finalmente, abraçou a Alemanha nazista”, diz ele.

“Poucos eram ideologicamente convictos em relação ao nazismo —em geral, estavam mais associados ao conservadorismo político tradicional. Mas apoiaram Hitler porque ele cumpriu o que lhes tinha prometido em termos econômicos.”

De Jong, de família parcialmente judia e descendente de pessoas que foram perseguidas, escravizadas ou morreram em campos de concentração durante a ocupação da Holanda pelos nazistas, percebeu que faltava contar em mais detalhes as histórias desses bilionários quando trabalhava para a agência de notícias Bloomberg.

Ele investigava casos de riqueza oculta e empresas familiares nos países de língua alemã e, em 2012, acabou encontrando um site discreto da Harald Quandt Holding, companhia com patrimônio orçado em US$ 18 bilhões. De Jong então ficou sabendo que esse Harald Quandt era o único filho do primeiro casamento de Magda Goebbels, mulher do ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels.

Todos os meio-irmãos de Harald foram forçados a cometer suicídio por Joseph e Magda (que também se mataram) quando os nazistas foram derrotados na Segunda Guerra Mundial —eles estavam abrigados no mesmo local onde Hitler também se matou. Só Harald sobreviveu, tendo assumido parte dos negócios da família Quandt após a guerra, ao lado de seu meio-irmão, Herbert.

O autor de “Bilionários Nazistas” acabou descobrindo muitas histórias parecidas ao longo de quatro anos de investigação. “Decidi me concentrar nas famílias alemãs que ainda eram relevantes no ambiente de negócios global hoje, porque algumas deixaram de existir desde então”, conta.

Outro critério foi abordar a trajetória de empresas que não apenas lucraram com a economia de guerra do Terceiro Reich, fornecendo armamentos e equipamentos para as Forças Armadas alemãs, mas em especial as que se beneficiaram de aspectos mais ideológicos do nazismo, como o antissemitismo e o uso de trabalho escravo.

Segundo esse recorte, destacam-se figuras como o industrial Günther Quandt, pai de Harald, cujos descendentes estão ligados à BMW; Ferdinand Porsche, criador da Volkswagen e da Porsche; Richard Kaselowsky e Rudolf-August Oetker, respectivamente pai e filho adotivo, da popular multinacional de produtos alimentícios Dr. Oetker; e o banqueiro August von Finck, da família de fundadores da Allianz.

Tanto Günther Quandt quanto August von Finck estiveram presentes numa reunião peculiar entre grandes nomes do empresariado alemão e a alta hierarquia do Partido Nazista em 20 de fevereiro de 1933. No encontro, os magnatas ouviram de boca fechada enquanto Hitler —que tinha assumido a liderança do governo alemão havia menos de um mês— explicou como planejava acabar com a democracia na Alemanha em breve, por meio da última eleição da história do país “nos próximos cem anos”.

“A empresa privada não pode ser mantida na era da democracia. Ela só é concebível se o povo tiver uma ideia sólida de autoridade e personalidade”, argumentou o futuro ditador.

No fim do encontro, os empresários foram convidados a fazer doações para a campanha eleitoral do Partido Nazista. E toparam a proposta de oferecer 3 milhões de marcos (cerca de US$ 20 milhões em valores atuais) ao fundo eleitoral da coalização liderada por Hitler.

A ajuda inicial foi amplamente recompensada por meio de generosos contratos de fornecimento para o governo durante o longo processo de rearmamento da Alemanha, que acabaria culminando com a Segunda Guerra Mundial.

Além disso, os bilionários pró-Hitler se beneficiaram do processo de “arianização” das empresas do país. Por meio das leis antissemitas impostas por Hitler, empresários judeus foram coagidos a vender suas companhias ou ações a preço de banana para alemães “arianos” (não judeus), isso quando chegavam a ser pagos.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com Adolf Rosenberger, fundador da Porsche, que perdeu sua parte da empresa automobilística para a família de seu colega Ferdinand Porsche. Em vários casos, após a arianização, os ex-empresários judeus tentaram conseguir ajuda dos antigos sócios para escapar da Alemanha, mas foram rejeitados por eles.

Por fim, quando as forças nazistas ocuparam boa parte da Europa durante a guerra, incluindo vastas regiões da Polônia e da União Soviética, entre 12 milhões e 20 milhões de cidadãos dos países invadidos foram forçados a trabalhar para empresas alemãs que os “requisitavam” ao governo.

“Em grande parte, era um processo de destruição populacional por meio do trabalho, no qual a intenção era simplesmente explorar essas pessoas ao máximo possível”, diz De Jong. Não era incomum que trabalhadores russos e poloneses sem proteção alguma e até descalços trabalhassem com metalurgia, por exemplo, o que ocasionava inúmeros acidentes com pouquíssima assistência médica.

Para o autor, há paralelos entre o que aconteceu no regime nazista e situações mais recentes de colaboração entre o mundo empresarial e regimes ditatoriais. “O capitalismo, claro, é amoral na sua essência —o importante é o lucro. O que vemos nesses regimes é que os homens de negócios acabam seguindo a linha do governo.”

BILIONÁRIOS NAZISTAS: A TENEBROSA HISTÓRIA DAS DINASTIAS MAIS RICAS DA ALEMANHA
Preço R$ 104,90 (400 págs.); R$ 44,90 (ebook)Autoria David de Jong Editora ObjetivaTradução Otacílio Nunes

Em Cannes, influenciadora ucraniana Ilona Chernobai foi arrastada para fora do tapete vermelho por seu (falso) protesto sangrento

Ilona Chernobai é instrutora de fitness.
Por Elizabeth Logan

CHRISTOPHE SIMON/Getty Images

Ilona Chernobai, uma influenciadora ucraniana e instrutora de fitness com um milhão de seguidores no Instagram, aproveitou seu momento em Cannes para fazer uma declaração ainda mais ousada do que os chinelos de Jennifer Lawrence.

Chernobai caminhou pelo tapete vermelho para a estreia de Just Philippot’s Acide usando um vestido azul e amarelo – as cores da bandeira da Ucrânia – sem incidentes, aparentemente convidada para o evento. Mas quando ela alcançou os degraus que levavam à exibição, ela removeu dois pacotes de sangue falso de seu decote e os quebrou na cabeça como um aparente protesto contra a invasão de seu país pela Rússia. Assim que ela pegou os pacotes de sangue, os seguranças correram até ela e a escoltaram para fora do tapete.

Uma manifestante usando um vestido com as cores da bandeira ucraniana se cobre de sangue falso na escada da...
CHRISTOPHE SIMON/Getty Images
Uma manifestante usando um vestido com as cores da bandeira ucraniana se cobre de sangue falso na escada da...
CHRISTOPHE SIMON/Getty Images

Conforme observado pela BBC , não está claro se esse ato foi deliberadamente direcionado a Acide , ou se era para aumentar a conscientização e Chernobai acabou de ser convidado para a exibição em Cannes.

Uma manifestante usando um vestido com as cores da bandeira ucraniana é detida pela segurança depois de se cobrir com...
CHRISTOPHE SIMON/Getty Images

Chernobai postou uma longa declaração ao lado de um vídeo do incidente , embora sem tradução para o inglês. A conta de notícias de moda Diet Prada postou uma tradução (não verificada) de parte de sua declaração: “Aproveitei minha chance e com esse ato lembrei o que está acontecendo na Ucrânia!!!…As pessoas não devem se esquecer de nós!” Fale sobre como usar sua plataforma para promover causas importantes para você. A conta da Diet Prada também apontou que, a partir do ano passado, os veículos afiliados à mídia estatal russa foram banidos do festival em solidariedade à Ucrânia.

Não parece que nenhuma outra estrela ou cineasta presente tenha reagido à façanha, nem o festival divulgou uma declaração, embora os planejadores do evento tenham aparentemente sancionado outros momentos de solidariedade no tapete, como esta sessão de fotos com cineastas iranianos independentes. :

Mãe de santo Mãe Zana aponta falta de diálogo e intolerância em demolição de terreiro na Grande SP

OUTRO LADO: Prefeitura de Carapicuíba fala que imóvel tinha risco de desmoronamento e estava em terreno necessário para obra de córrego
Isabella Menon

Mãe Zana, que era dona de um terreiro de mais de 30 anos que foi desapropriado em Carapicuíba
Mãe Zana, que era dona de um terreiro de mais de 30 anos que foi desapropriado em Carapicuíba – Karime Xavier/Folhapress

SÃO PAULO – Mãe de santo em Carapicuíba, Grande São Paulo, Odecidarewa Mãe Zana Yalorixa está sem local para morar desde que o seu terreiro de candomblé de 200 m² foi demolido, em dezembro do ano passado. Hoje, ela se reveza em casa de amigos e parentes e batalha para conseguir outro imóvel para a atividade religiosa.

A ação foi determinada pela prefeitura da cidade, que alegou que o imóvel apresentava risco de desmoronamento em razão da instabilidade do solo e problemas estruturais. No local acontece uma obra para a construção de um córrego que visa o controle de enchentes.

Zana associa a demolição a intolerância religiosa e fala que houve falta de diálogo com a gestão municipal de Carapicuíba. As obras começaram em meados de 2007 e chegaram, no ano passado, a um trecho muito próximo ao terreiro dela.

As demolições ao redor do terreiro avançaram a ponto de causar danos irreparáveis. “Foi uma cena de terror. Louças caíam e máquinas escavavam terreiros ao redor.”

Antes da demolição, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo solicitou uma visita emergencial para que os órgãos responsáveis apurassem a suspeita de violação de direitos humanos e de degradação de bens e valores histórico no local.

Além disso, para tentar evitar a demolição, a Defensoria ajuizou uma ação cautelar, mas em seguida o município entrou com outra ação pela autorização da demolição.

Segundo a mãe de santo, a conclusão do laudo que apontou risco de desabamento foi culpa da prefeitura. “Causaram uma situação de risco iminente. Com isso, começaram a abrir rachaduras imensas que nos impossibilitavam de transitar no espaço”, diz.

A prefeitura ofereceu a Zana um aluguel social de R$ 500, além de uma carta de crédito de R$ 180 mil. Ela afirma, porém, que o valor não é suficiente para um terreiro e critica que a gestão municipal trata o local como uma habitação comum, e não de uma unidade tradicional.

A gestão Marcos Neves (PSDB) diz que foi oferecida a carta de crédito para que as atividades do terreiro continuassem em outro local, “porém, a mesma não apresentou os documentos para ser contemplada”, afirma.

A prefeitura ressalta que respeita e apoia a diversidade de credos e atividades religiosas. “Todos os esforços foram feitos a fim de que o centro religioso fosse transferido para outro local.”

Na Vila Silva Ribeiro, a mãe de santo, volta ao lugar onde o terreiro funcionava, Zana se emociona ao ver a edificação toda destruída para dar passagem a uma obra do governo
Na Vila Silva Ribeiro, a mãe de santo, volta ao lugar onde o terreiro funcionava, Zana se emociona ao ver a edificação toda destruída para dar passagem a uma obra do governo – Karime Xavier/Folhapress

Para o vereador de Carapicuíba Ednaldo Souza Silva (PT), a ação da prefeitura foi arbitrária e “equiparou o terreiro a um boteco” ao oferecer a carta de crédito. “Houve intolerância religiosa. Se lá fosse uma igreja católica, seria o mesmo tratamento?”

Após a mobilização em torno da demolição do terreiro, foi marcada uma audiência pública com a presença da Defensoria e o Ministério Público Federal no fim de abril. Na ocasião, estiveram presentes representantes da prefeitura.

A defensora Vanessa Alves Vieira, coordenadora do Núcleo Especializado de Diversidade e Igualdade Racial, afirma que que houve um diálogo inadequado em relação ao terreiro, que foi tratado como uma habitação comum, sendo que se trata de um templo religioso e local de referência para a população negra.

Ela relata que na audiência a prefeitura não deu nenhum tipo de alternativa. “Foram oferecidas opções habitacionais, mas que não são compatíveis com a natureza desse território”, afirma.

O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) diz que foi informado sobre o caso pela Defensoria poucos dias antes da demolição e, por isso, não teve tempo hábil para providenciar o tombamento provisório do imóvel, que seria uma alternativa. O órgão afirma que tenta a declaração de patrimônio imaterial.

Depois da demolição, havia ainda a expectativa de que o Iphan conseguisse ao menos retirar obras que restaram dos escombros da demolição —o órgão chegou a fotografar o local na véspera da reunião e entrou com pedido para a prefeitura.

Porém, no dia seguinte à audiência, as obras foram retomadas e as estruturas remanescentes do terreiro foram demolidas.

Zana lamenta. “Não temos mais como resgatar nada do que ficou lá. Foi tudo perdido: a minha hierarquia e heranças da minha família. É uma violência surreal.”

Agora, a Defensoria atua a fim de auxiliar a realocação do terreiro. O MPF afirma que está adotando medidas para assegurar os direitos da comunidade.

O vereador Ednaldo Silva diz que a esperança é que o caso gere jurisprudência para que outros terreiros não passem pela mesma situação. “O terreiro Ilê Asé Odé Ibualamo não vai voltar, mas que isso sirva de parâmetro para criar uma política pública voltada para esse povo.”

Prefeito de Nova York critica paparazzi após ‘perseguição de carro quase catastrófica’ envolvendo Meghan Markle e o príncipe Harry

“Acho que muitos de nós não se lembram de como sua mãe morreu”, disse o prefeito de Nova York, Eric Adams, na manhã de quarta-feira sobre o príncipe Harry.
Por Corin Cesaric

Meghan Markle no Women of Vision Awards
Príncipe Harry e Meghan Markle. KEVIN MAZUR/GETTY

Após a notícia de que Meghan Markle e o príncipe Harry estavam envolvidos em uma ” perseguição de carro quase catastrófica ” envolvendo paparazzi na cidade de Nova York na noite de terça-feira, o prefeito Eric Adams fez breves comentários sobre o incidente.

Durante um anúncio de segurança pública sobre roubo no varejo na manhã de quarta-feira, um repórter perguntou a Adams se ele poderia compartilhar qualquer informação ou comentário sobre a perseguição que um porta-voz do casal disse ter causado a “perseguição implacável” de paparazzi em um comunicado à People.

“Está claro que a imprensa, os paparazzis, querem a foto certa, a história certa, mas a segurança pública deve estar sempre em primeiro plano”, disse Adams.

“Dois de nossos policiais podem ter se ferido”, continuou o prefeito. “A cidade de Nova York é diferente de uma pequena cidade em algum lugar. Você não deveria estar acelerando em qualquer lugar, mas esta é uma cidade densamente povoada e acho que todos nós … acho que não há muitos de nós que não se lembram como a mãe [ do Príncipe Harry ] morreu e seria horrível perder espectadores inocentes durante uma perseguição como esta, e algo ter acontecido com eles também, então acho que temos que ser extremamente responsáveis.”

Ele acrescentou: “Achei isso um pouco imprudente e irresponsável”.

Um porta-voz de Meghan Markle e do príncipe Harry disse em um comunicado à PEOPLE: “Ontem à noite, o duque e a duquesa de Sussex e a sra. Ragland estiveram envolvidos em uma perseguição de carro quase catastrófica nas mãos de um grupo de paparazzi altamente agressivos. Isto perseguição implacável, com duração de mais de duas horas, resultou em várias quase colisões envolvendo outros motoristas na estrada, pedestres e dois oficiais do NYPD.”

“Embora ser uma figura pública gere um nível de interesse do público, nunca deve custar a segurança de ninguém”, acrescentou o porta-voz.

Quando questionado por outro repórter sobre a duração da perseguição, Adams disse que ainda está sendo informado sobre o incidente, mas disse: “Acho difícil acreditar que houve uma perseguição em alta velocidade de duas horas.”

No entanto, ele disse que mesmo que fosse uma perseguição de 10 minutos, ainda seria “extremamente perigoso na cidade de Nova York”.

“Temos muito trânsito, muito movimento, muitas pessoas estão usando nossas ruas”, acrescentou Adams. “Qualquer tipo de perseguição em alta velocidade que envolva algo dessa natureza é inapropriado.”

Na tarde de quarta-feira, o NYPD divulgou um comunicado à PEOPLE dizendo: “Na noite de terça-feira, 16 de maio, o NYPD ajudou a equipe de segurança privada que protegia o duque e a duquesa de Sussex. Muitos fotógrafos dificultaram o transporte. O duque e a duquesa de Sussex chegaram ao seu destino e não houve relatos de colisões, convocações, feridos ou prisões a respeito.”

A ostentação está de volta à China, e a indústria do luxo respira aliviada

Gastos com luxo no país asiático estão se recuperando ainda mais rápido do que a economia geral; vendas no varejo de joias, ouro e prata subiram 37,4% em março, em relação ao ano anterior
Por Elizabeth Paton e Keith Bradsher

Fila em loja da Dior em shopping de Xangai, na China  Foto: Qilai Shen/The New York Times

THE NEW YORK TIMES – No ano passado, nessa mesma época, Xangai — a capital da moda e do luxo da China — atravessava um bloqueio implacável provocado pela covid-19. Os reluzentes centros comerciais e as avenidas repletas de lojas emblemáticas da cidade estavam praticamente vazios.

Hoje, a história é diferente. Em um fim de semana recente, multidões se reuniram nos principais destinos de varejo na Nanjing Road ou perto dela, o centro do glamour na China desde que as primeiras grandes lojas de departamento do país começaram a abrir por lá, em 1917.

“Eu ostento da forma mais extravagante possível”, disse Sunny Zhang, 24, enquanto esperava na fila para entrar na loja Chanel no shopping Plaza 66, onde os corredores estão repletos de lojas que vendem algumas das roupas mais caras do mundo. Zhang, que trabalha para uma empresa de consultoria, costumava comprar seis bolsas por ano. Agora ela compra até cinco bolsas por mês.

“Troco minha bolsa todos os dias”, disse. “Senti que tudo não tinha sentido durante o bloqueio de Xangai, então devemos aproveitar o momento presente no tempo.”

Muitas marcas de moda e luxo ocidentais vêm colhendo os benefícios dessa mentalidade renovada do consumidor. No mês passado, a LVMH — o maior grupo de artigos de luxo do mundo em vendas e dono de marcas como Louis Vuitton, Tiffany & Co. e Dior — anunciou um aumento de 17% na receita do primeiro trimestre em relação ao ano anterior. Moda e artigos de couro — a maior divisão da empresa francesa — subiram 18%, impulsionados, em grande parte, pela recuperação na China.

Recentemente, a LVMH tornou-se a primeira empresa europeia a ultrapassar US$ 500 bilhões em valor de mercado. Sua rival francesa Hermès disse que as vendas na Ásia (excluindo o Japão) aumentaram 23% no primeiro trimestre, “impulsionadas por um ano novo chinês muito bom”.

E a Brunello Cucinelli, fornecedora de blazers de US$ 4 mil e da tendência do “luxo silencioso”, registrou um aumento de 56% nas vendas do primeiro trimestre. Luca Lisandroni, copresidente da marca italiana, chamou 2023 de “um ano dourado” para o mercado chinês.

Os gastos com luxo na China estão se recuperando ainda mais rápido do que a economia geral do país. As vendas no varejo de joias, ouro e prata subiram 37,4% em março em relação ao ano anterior, mais de três vezes mais rápido que a recuperação geral das vendas no varejo, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas da China. Foi de longe o melhor março registrado para vendas de joias na China; na verdade, março foi o segundo mês de vendas mais alto do setor fora da temporada de presentes antes do Ano Novo Chinês.

“Esperamos que a China seja o principal motor de crescimento da indústria de luxo este ano, especialmente por conta de uma ligeira desaceleração em outros mercados importantes, como os Estados Unidos e Coreia”, disse Edouard Aubin, analista de ações do Morgan Stanley, em uma teleconferência na semana passada.

Ele acrescentou que grandes marcas “no topo da pirâmide de preços”, com valor de símbolo de status, como Chanel, Hermès e Louis Vuitton, estavam superando as rivais. Isso inclui a Gucci e Burberry, marcas que recentemente tiveram uma mudança de designer no comando.

“Grande parte dos gastos iniciais que impulsionam a recuperação tem, por enquanto, menos a ver com a classe média da China e mais com pessoas ricas gastando mais”, disse Aubin, observando que esperava um ressurgimento nos gastos da classe média ainda este ano.

Esse desejo do luxo das grandes marcas na China não é novo. Por mais de uma década, o país, com 1,4 bilhão de consumidores, impulsionou o mercado de luxo ocidental, contribuindo com até um terço da receita do mercado. Dois terços desses gastos ocorreram fora da China continental, já que os turistas chineses se aglomeraram em Hong Kong, Tóquio, Paris e outros lugares para evitar as altas tarifas de importação e impostos sobre o consumo de seu país.

Mas, então, chegou 2020, o pior ano já registrado para o setor, quando a China fechou suas fronteiras em resposta à pandemia. Agora, depois de três anos dependendo em grande parte de compras online, muitos compradores na China estão exultantes em poder tocar em tecidos, experimentar bolsas e óculos de sol e simplesmente compartilhar isso com outras pessoas.

Shopping no bairro de Zhang Yuan, onde edifícios restaurados ostentam molduras de madeira polida e elegantes colunas de pedra Foto: Qilai Shen/The New York Times

No bairro de Zhang Yuan, onde edifícios restaurados ostentam molduras de madeira polida e elegantes colunas de pedra, uma multidão se reuniu e esperou do lado de fora da loja Dior para assistir às celebridades. Os curiosos não tiveram de esperar muito: Annie Yi, a famosa cantora taiwanesa, saiu da loja acompanhada por uma jovem que carregava uma bolsa Dior branca grande o suficiente para acomodar uma televisão de tela plana.

Zoe Zhou, que estava na Dior procurando uma bolsa de uma integrante da banda de K-pop Black Pink, disse ter visto um frenesi para comprar artigos de luxo em sua cidade natal, Nanjing, com pessoas fazendo fila do lado de fora das lojas no centro da cidade.

“Agora que as restrições foram levantadas, muitas pessoas estão comprando bolsas”, disse Zhou, que ficou desapontada porque a bolsa que queria estava esgotada. “Você também pode ir para o exterior. A diferença de preço é bastante grande.”

Muitas marcas de luxo aumentaram os preços nos últimos meses, principalmente na China. Mas viajar para fora da China continua muito mais difícil do que antes da pandemia.

As passagens aéreas estão mais caras, com uma programação de voos para o exterior significativamente reduzida. Como parte de uma campanha de segurança nacional, o governo chinês dificultou a obtenção ou renovação de passaportes.

À medida que destinos domésticos, como a ilha tropical isenta de impostos de Hainan, continuam a ganhar popularidade e novos pontos de varejo, como Chengdu e Hangzhou, continuam a surgir, espera-se que a mudança dos compradores chineses para comprar mais no mercado interno continue. Postagens nas redes sociais sobre escassez de estoque e longas filas também se tornaram comuns.

“A recuperação doméstica pode estar bem subterrânea, mas as viagens internacionais ainda estão longe dos níveis pré-covid, e não achamos que os turistas chineses retornarão aos volumes que já retornaram à Europa em breve”, disse Thomas Chauvet, chefe de pesquisa de artigos de luxo do Citi. Destinos de curta distância como Hong Kong, Macau e possivelmente o Japão, por conta do iene enfraquecido, podem ver o retorno dos gastos chineses mais cedo, acrescentou.

A esposa do ex-pastor de Hillsong Carl Lentz ‘surtou’ depois de encontrá-lo em ‘posição comprometedora’ com a babá

“Algo me incomodou”, disse Laura Lentz em um episódio de The Secrets of Hillsong , da FX , com estreia na sexta-feira.
Por Laura Barcela

Lauren Lentz e Carl Lentz na estreia de "Hillsong - Let Hope Rise"
Carl Lentz e esposa Laura. CHARLEY GALLAY/GETTY

Laura Lentz, esposa do ex-pastor de Hillsong Carl Lentz, uma vez teve uma briga física com o marido e a babá depois de pegá-los em uma “posição comprometedora”, diz ela em uma nova série de documentários.

The Secrets of Hillson g , da FX , que narra os escândalos da famosa megaigreja , apresenta as primeiras entrevistas com o casal desde que foram forçados a sair da igreja em 2020 devido às “falhas morais” de Carl, com o ex-pastor admitindo posteriormente a infidelidade .

No segundo episódio da série, que vai ao ar na sexta-feira, Laura revelou seu choque ao saber de seu marido que ele havia sido infiel. “Era 25 de outubro [2020], eu me lembro daquele dia. Carl disse, ‘Ei, posso falar com você por um segundo?’ Assim que ele fechou a porta… meu coração disparou”, lembrou ela. “Ele basicamente disse: ‘Fui infiel a você’.”

Em uma ligação do Zoom com o casal, os membros do conselho e fundador Brian Houston , que renunciou em 2022 em meio a reclamações de que se comportou de maneira inadequada com duas mulheres, questionou Carl, agora com 44 anos, sobre seu relacionamento com a babá da família Lentz, Leona Kimes, também um membro da igreja.

“Eles perguntaram a Carl sobre Leona”, disse Laura no episódio. “Ele ainda não tinha me contado essa parte.”

Kimes era uma parte confiável da família e estava “sempre” em casa, disse Laura, observando que Kimes estava lá até no dia de Natal.

Ainda assim, Laura disse que suspeitava que algo estava acontecendo. “Às vezes eu tinha esses pequenos sentimentos. E então, uma noite, eu os encontrei em uma posição comprometedora”, disse ela. “Eu corri para a sala e empurrei Carl e bati nele e então pulei em cima dela e dei um soco nela.”

“Algo passou por mim”, disse ela. “Eu estava com raiva e definitivamente surtei.”

Laura Lentz
Laura Lentz. FX

Laura disse que Kimes negou que houvesse algo acontecendo entre ela e Carl e que, depois disso, eles “nunca mais falaram sobre isso”.

“Nós éramos seus pastores, éramos seus líderes; ela estava na equipe. Ficou muito confuso”, compartilhou Laura. “Em vez de falar sobre isso de novo, eu apenas engoliria.”

“Eu estava em um lugar realmente atormentado mentalmente”, continuou ela. “Eu não sei mais o que está acontecendo na minha casa. Eu fui bastante iluminado por ambos por um bom tempo.”

Carl Lentz
Carl Lentz. FX

Seis meses após as demissões, Kimes postou um ensaio no Medium alegando que foi abusada sexual e emocionalmente pelo pastor deposto, a quem ela não identificou pelo nome, o que Lentz negou.

Ao abordar as alegações no segundo episódio, Carl assumiu a responsabilidade por “permitir que um relacionamento inadequado se desenvolvesse em minha casa com alguém que trabalhava para nós”, mas reiterou que “qualquer noção de abuso é categoricamente falsa”.

“Houve decisões adultas mútuas tomadas por duas pessoas que mentiram profusamente, principalmente para minha esposa”, acrescentou. “É um problema porque eu era um chefe, essa pessoa era um funcionário. Sou responsável por essa dinâmica de poder e pelo gerenciamento dela e pela sabedoria que a acompanha e falhei miseravelmente.”

Após a saída da Hillsong, embora eles tenham lutado para superar o que havia acontecido, o casal acabou ficando junto e superou as consequências da traição de Carl.

Em uma postagem de mídia social compartilhada mais de uma semana antes da estreia da série de documentários, Carl compartilhou que o casal havia comemorado recentemente seu 20º aniversário .

“Nos últimos 3 anos, todo o meu foco tem sido lutar por minha esposa e meus filhos ”, escreveu ele. “Tudo o que eu queria era provar para minha esposa e filhos que eu poderia apresentá-los como nunca havia feito antes. Embora ainda tenhamos um longo caminho pela frente, com muito trabalho, muita honestidade e muita oração , nos encontramos em um lugar lindo, feliz e deliberadamente honesto.”

Os episódios 1-2 de The Secrets of Hillsong vão ao ar na sexta-feira no FX e estarão disponíveis para transmissão no Hulu no sábado. Os episódios 3-4 serão lançados em 26 de maio.

Mulheres com deficiência permanecem excluídas das discussões sobre o universo feminino

Isoladas em pautas específicas, mulheres com deficiência permanecem excluídas das discussões sobre o universo feminino.
Por Luiz Alexandre Souza Ventura

Não há nenhuma temática feminina da qual mulheres com deficiência não façam parte.  

A mulher com deficiência ainda carrega o estigma da especificidade, como se fosse uma criatura que não pertence ao universo feminino, só tem espaço e fala em discussões, pautas, reportagens e eventos centralizados na temática da deficiência.

Acompanhando as muitas abordagens a questões da maternidade ao longo desta semana em portais, jornais, revistas, rádio, TV e redes sociais, é notória a ausência de mães com deficiência nas histórias de abrangência geral.

Há foco nas mães sem deficiência de filhos com deficiência, chamadas de mães atípicas, com a mesma observação de sempre, da missão, dor amor incondicional, da sorte em ter um filho com deficiência, do anjo que chegou para ensinar, da felicidade na adversidade.

É raro haver mulheres com deficiência nas histórias sobre saúde, fertilidade, envelhecimento, trabalho, juventude, paquera, namoro ou qualquer outra temática distante da diversidade.

Se a inclusão não é a pauta, a mulher com deficiência fica de fora.

Persiste a observação da deficiência como característica apartada, que só pode ser exposta de maneira específica e jamais misturada com outro tópico cotidiano.

É absolutamente necessário dar muito mais visibilidade à população com deficiência em todos os setores, assim como é fundamental entender que não há nenhuma temática da sociedade da qual a pessoa com deficiência não faça parte.

E nenhuma temática feminina da qual mulheres com deficiência não façam parte.

Rei Charles II e rainha Camilla são coroados oficialmente

Cerca de 2 mil pessoas, entre elas reis, rainhas, chefes de Estado, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da primeira-dama Janja Lula da Silva, acompanharam a cerimônia na Abadia de Westminster

Rei Charles e Rainha Camilla – Foto: Getty Images

rei Charles III e a rainha Camilla Parker-Bowles foram coroados oficialmente rei e rainha do Reino Unidos e de mais 14 estados soberanos e independentes da Comunidade das Nações neste sábado, 6 de maio. A cerimônia de cunho religioso na qual o novo soberano de 74 anos prometeu servir à nação foi acompanhada de protestos do lado de fora, enquanto na construção Charles se emocionava em meio a tensões familiares – o príncipe Harry, que não ficou para o restante das comemorações, e o príncipe Andrewenvolvido em um escândalo sexual, foram relegados para longe do núcleo principal da realeza.

MAIS SOBE A COROAÇÃO DE CHARLES III:

Mais de 2 mil pessoas estiveram presentes na abadia, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a primeira-dama Janja Lula da Silva; a primeira-dama americana Jill Biden, representando o presidente Joe Biden; reis e rainhas como Felipe VI e Letizia da Espanha, e famosos como Katy Perry, que cantará no Concerto de Coroação.

Apesar de mais curto que a cerimônia de coração da rainha Elizabeth II, em 1953, a celebração seguiu um protocolo que remonta há centenas de anos. Charles e Camilla deixaram o Palácio de Buckingham em uma carruagem com ar-condicionado, sendo ovacionados pelo caminho até à abadia. A procissão foi pontual e às 7h (11h em Londres), o casal entrou na igreja.

O rei Charles e a rainha Camilla a caminho da coroação — Foto: Getty Images
O rei Charles e a rainha Camilla a caminho da coroação — Foto: Getty Images

O roteiro já tinha sido determinado: o rei jurou sobre a Bíblia, o arcebispo Justin Welby fez uma oração especial e o primeiro-ministro Rish Sunak leu um trecho de uma epístola de São Paulo. Charles foi ungido com óleo sagrado feito em Jerusalém, em uma parte não mostrada da cerimônia e o coral Ascension Choir, formado por músicos negros, cantou em inglês, galês, escocês, e irlandês, as línguas oficiais do Reino Unido.

Charles recebeu então os objetos sagrados usados durante a cerimônia de coroação, entre eles o orbe e o cetro. Em um momento tocante, que comoveu o rei, seu filho mais velho, o príncipe William, de 40 anos, presto um juramento ao pai e, quebrando o protocolo, se ajoelhou e beijou a bochecha do monarca. Emocionado, ele agradeceu: “Obrigado, meu filho”.

Príncipe William beija o pai, Rei Charles III — Foto: Getty Images
Príncipe William beija o pai, Rei Charles III — Foto: Getty Images

A pesada coroa de Santo Eduardo, usada apenas nas coroações foi colocada na cabeça de Charles. Camilla, por sua vez, recebeu a coroa da rainha Mary, modificada para não ter mais o polêmico diamante alvo de disputas entre várias nações e lembrança do passado colonial e imperialista da Grã-Bretanha. A nova rainha, grande amor do rei e sua amante enquanto ele ainda era casado com a princesa Diana, recebeu ainda o anel de consorte.

Rainha Camilla é coroada — Foto: Getty Images
Rainha Camilla é coroada — Foto: Getty Images

Enquanto a entronização do rei acontecia, as câmeras focavam nos filhos de Willliam e Kate MiddletonGeorge, de 9 anos, um dos pagens da cerimônia ao lado de netos de Camilla; Charlotte, de 8, que usava um vestido branco da mesma grife que a mãe; e Louis, de 4, que bocejou e fez caretas.O príncipe Harry, que deixou a monarquia para viver nos Estados Unidos com a mulher, Meghan Markle, e os filhos do casal, também foi fotografado e filmando à exaustão.

Príncipe Louis boceja em coroação do avô Charles III — Foto: Getty Images
Príncipe Louis boceja em coroação do avô Charles III — Foto: Getty Images

Assim que o serviço em Westminster terminou, ele correu para o aeroporto, lutando contra o tempo e contando com os fusos horários para chegar a tempo do aniversário de 4 anos, de Archie, o mais velho de sua união com a ex-atriz, que não viajou para LondresHarry não apareceu então na sacada do Palácio de Buckingham, onde o rei e a rainha acenaram para os súditos. Quem também foi excluído do balcão foi Andrew e, por tabela, suas filhas, Beatrice, a neta favorita da rainha, e Eugenie, também ficaram longe da cobiçada foto oficial.

Kate Middleton e o príncipe William com os filhos ao lado do príncipe Edward com a duquesa Sophie e os filhos, e outros membros da Família Real  — Foto: Getty Images
Kate Middleton e o príncipe William com os filhos ao lado do príncipe Edward com a duquesa Sophie e os filhos, e outros membros da Família Real — Foto: Getty Images

Coroado, Charles tem a tarefa de levar a monarquia adiante. Nem de perto querido como a mãe e sem o carisma dela ou dos filhos, o novo rei já prometeu diminuir ainda mais o número de membros seniores da realeza – o que os experts veem como uma tentativa de aplacar as críticas diante das despesas do Estado com a monarquia. A primeira conta ele terá que prestar logo logo: diz a imprensa inglesa que a coroação custou cem milhões de libras – inacreditáveis R$ 626 milhões.

Veja como foi a carimônia:

Confira fotos da coroação de Rei Charles III:

Camila é coroada rainha — Foto: Getty Images
Camila é coroada rainha — Foto: Getty Images
Príncipes Charlotte e Louis entre os pais, príncipe William e Kate Middleton, na cerimônia de coroação de Rei Charles III — Foto: Getty Images
Príncipes Charlotte e Louis entre os pais, príncipe William e Kate Middleton, na cerimônia de coroação de Rei Charles III — Foto: Getty Images
Príncipe Harry — Foto: Getty Images
Príncipe Harry — Foto: Getty Images
Príncipe WIlliam e Kate Middleton com os dois filhos mais novos, Charlotte e Louis — Foto: Getty Images
Príncipe WIlliam e Kate Middleton com os dois filhos mais novos, Charlotte e Louis — Foto: Getty Images
Rei Charles III — Foto: Getty Images
Rei Charles III — Foto: Getty Images
Rei Charles II e rainha Camilla — Foto: Getty Images
Rei Charles II e rainha Camilla — Foto: Getty Images
Rei Charles III — Foto: Getty Images
Rei Charles III — Foto: Getty Images
Protesto contra o rei Charles III no dia de sua coroação — Foto: Getty Images
Protesto contra o rei Charles III no dia de sua coroação — Foto: Getty Images

Jovens abandonam bebidas alcoólicas como sinônimo de saúde e autocuidado

Eles relatam bem-estar físico e emocional, mas afirmam sofrer pressão em interações sociais
Gabriella Sales

A atriz Thereza Andrada, 28, diz que não beber é uma forma de cuidar da saúde mental – Adriano Vizoni/Folhapress

SÃO PAULO – Para Gabriela Paschoal, 25, a decisão de abrir mão de bebidas alcoólicas foi uma das grandes responsáveis por melhorias em sua qualidade de vida. A sobriedade contribuiu para uma maior clareza mental e disposição para alcançar seus objetivos profissionais e pessoais, diz.

Sua escolha e de outros jovens mostra uma tendência que começa a aparecer em estudos, especialmente entre a geração Z. Pesquisas internacionais indicam que os mais jovens estão bebendo menos.

No Brasil, esses indicadores ainda são oscilantes, mas o consumo de bebidas alcoólicas caiu após o aumento registrado no primeiro ano de pandemia. Segundo a Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, em 2021 houve queda no consumo considerado excessivo de álcool por jovens brasileiros.

Entre aqueles de 18 a 24 anos, 19,3% entravam nessa estatística, a menor porcentagem desde 2014. Em 2020, esse indicador era de 25%. Na faixa etária de 25 a 34 anos, a diminuição também ocorreu: cerca de 25% dos entrevistados responderam ter bebido demais em uma mesma ocasião. No ano anterior, foram 30,9%.

O beber em excesso foi classificado como quatro ou mais doses para mulheres e cinco ou mais para homens. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há nível seguro de consumo de álcool, isto é, não é possível indicar uma quantidade que não afete a saúde.

Gabriela considera que, até meados do ano passado, a frequência do seu consumo impactava sua saúde mental e seu bem-estar. “Estava passando por uma fase difícil e bebia muito. Se acontecia algo bom, bebia para comemorar. Se estava triste, bebia para afogar as mágoas”, conta.

Na tentativa de melhorar sua rotina, decidiu se desafiar e passar dois meses sem beber. Desde então, conta nos dedos as vezes em que consumiu algum tipo de bebida alcoólica. Ela também percebeu que não gosta dos efeitos colaterais.

“Não foi uma escolha tão consciente quando decidi parar de beber, foi muito mais uma tentativa de fazer algo diferente para melhorar o meu dia a dia. Mas depois, percebi muitos benefícios”, relata a jovem, que hoje trabalha como modelo.

Dentre as mudanças, houve economia financeira, mais disposição e melhora na saúde mental. “Minhas crises de pânico praticamente sumiram. Deu aquela claridade mental para ir atrás dos meus planos.”

Thereza Andrada, 28, também considera a escolha de não beber um investimento em sua saúde mental. “Eu tenho diagnóstico de ansiedade, e não acho que beber ajuda em meu bem-estar mental ou físico. Não me vejo voluntariamente consumindo algo que me faria perder o controle”, pondera.

Desde a adolescência, a atriz conta que já experimentou uma série de bebidas alcoólicas, mas o gosto não agrada-a. “Acho que muita gente bebe para se sentir incluída ou por pressão social, mas para mim não faz sentido consumir algo que não gosto do sabor”, afirma.

Apesar de não considerar uma escolha difícil, Thereza diz se sentir incomodada com a reação de algumas pessoas. Entre familiares e amigos próximos, a aceitação é boa e não há muitos questionamentos. Porém, ao conhecer pessoas novas, a jovem afirma que muitas vezes se sente pressionada ou julgada.

“É uma busca incessante pra você beber, e parece que as pessoas só aceitam a minha escolha quando falo do histórico de alcoolismo em minha família”, diz.

Em aplicativos de relacionamento, por exemplo, sinaliza em seu perfil que não consome bebidas alcoólicas, mas mesmo assim, acaba sendo questionada em algumas interações. “Às vezes a pessoa diz que não sabe para onde me chamar, só por eu não beber. Mas não faz diferença, podemos ir num bar e eu vou tomar um refrigerante.”