Starship, da SpaceX, explode 4 minutos após decolagem bem-sucedida

Empresa de Elon Musk bate recorde com nave de 120 metros; veículo foi detonado remotamente nos primeiros minutos
Samuel Fernandes

SÃO PAULO – A SpaceX lançou pela primeira vez nesta quinta (20) Starship, foguete mais poderoso da história. O equipamento conta com 120 metros e bateu os recordes de capacidade em transporte espacial.

Na fase em que os dois estágios do foguete seriam separados, houve um problema e isso não ocorreu. O veículo, então, precisou ser destruído de forma remota ainda nos primeiros minutos de voo. No entanto, desde o início da operação, já era previsto que o Starship não seria reutilizado.

O primeiro voo de teste estava previsto para esta última segunda (17), porém foi adiado nos últimos minutos em razão de um problema de pressurização no estágio de propulsão, de acordo com informações da SpaceX.

lançamento a partir de Boca Chica, no Texas, inaugura o que promete se tornar uma nova etapa na história da exploração espacial. O veículo torna possível o transporte de mais de cem toneladas ao espaço –algo como levar um Boeing 747 com a área de carga cheia.

Ele supera, por exemplo, o SLS, lançado em novembro como o mais poderoso do mundo em operação, e o Saturn V, usado nos anos 1960 e 1970 pelo programa espacial americano para as missões lunares Apollo.

O sucesso no primeiro voo do Starship, na prática, muda as regras do jogo na competição entre as potências espaciais: até hoje, o esforço concentra-se em fazer satélites e cargas úteis tão pequenos e leves quanto possível. Agora, o diâmetro de nove metros e a capacidade para cargas maiores e mais pesadas promete tornar mais simples a construção de uma base na Lua, por exemplo.

Uma série de outras aplicações poderiam se tornar possíveis, como transporte de pessoas e carga ponto a ponto em qualquer lugar da Terra em menos de uma hora. O Pentágono, inclusive, considera a possibilidade de ter no Starship um transporte para suas operações militares.

A ambição da empresa de Elon Musk é que o sistema seja totalmente reutilizável, com os dois estágios (um propulsor, denominado Super Heavy, e a nave propriamente dita, Starship) capazes de pousar de forma autônoma.

ara o lançamento inaugural, as ambições eram mais modestas. A empresa anunciou que estaria satisfeita se o foguete conseguisse deixar a plataforma de lançamento em segurança, e tudo que viesse depois era tido como lucro pelos engenheiros envolvidos no projeto.

O Starship já está contratado pela Nasa para fazer o transporte das missões Artemis 3 e 4, programa que pretende levar astronautas de volta à superfície lunar.

Ao definir que faria a aquisição de um módulo de pouso tripulado para o programa Artemis por meio de concorrência, a agência espacial americana deixou para trás designs mais conservadores (como o da Blue Origin, de Jeff Bezos) e empresas mais tradicionais (como a gigante Boeing) ao optar pelo programa da SpaceX.

O programa Starship nasceu como iniciativa independente da SpaceX, e com outro nome: Interplanetary Transport System. Trata-se do sistema com o qual Musk espera um dia promover a colonização de Marte.

Para isso acontecer, o custo de cada lançamento precisa cair drasticamente, o que só é possível se os veículos forem baratos, reutilizáveis, dispensarem grande manutenção entre voos, possam ser reabastecidos no espaço e sejam capazes de usar combustível facilmente produzido no planeta vermelho.

Foram esses os requisitos que nortearam a concepção do Starship: um veículo enorme, com nada menos que 33 motores no primeiro estágio (o maior número já usado em um um foguete), movidos a metano e oxigênio líquidos. Isso porque é simples produzi-los a partir de água e dióxido de carbono, dois recursos naturais fartamente disponíveis em Marte.

Pela 1ª vez, Nasa terá entre astronautas para missão à Lua um homem negro e uma mulher

A tripulação da Artemis II, que, pela 1ª vez, terá entre astronautas que vão em missão à Lua uma mulher e um homem negro. — Foto: NASA/DIVULGAÇÃO
A tripulação da Artemis II, que, pela 1ª vez, terá entre astronautas que vão em missão à Lua uma mulher e um homem negro. — Foto: NASA/DIVULGAÇÃO

Nasa, a agência espacial norte-americana, revelou nesta segunda-feira (3) os nomes dos quatro astronautas que voarão ao redor da Lua no ano que vem na missão Artemis II.

Vejam quem são:

  • Jeremy R. Hansen – função: especialista de missão;
  • Victor Glover – função: piloto;
  • Christina Hammock Koch – função: especialista de missão;
  • Reid Wiseman – função: comandante.

São três homens e um mulher. Entre eles, um homem negro. A astronauta Christina Hammock Koch será a primeira mulher que irá para uma missão ao redor da Lua feita pela Nasa. Já Victor Glover será o primeiro homem negro.

Esta tripulação também será a primeira a viajar à Lua desde a última missão Apollo, em 1972, há mais de meio século.

Porém, desta vez, esses astronautas ainda NÃO vão pousar no satélite natural, nem ao menos orbitá-lo.

“Essa missão irá levar mais que astronautas. Ela irá levar a esperança de milhões de pessoas ao redor do mundo”, disse Bill Nelson, administrador-geral da Nasa.

Na ordem, os astronautas Jeremy R. Hansen, Victor Glover, Christina Hammock Koch e Reid Wiseman. — Foto: Nasa/Reprodução

Por enquanto, segundo fontes da agência espacial ouvidas pela AFP, a data de lançamento é esperada para novembro de 2024. As estimativas anteriores apontavam para o começo do ano, mas por causa dos diversos atrasos da primeira missão, essa é uma data mais realista – ou até mesmo depois disso.

Os quatro astronautas decolarão no foguete SLS da Nasa – o mais poderoso do mundo – e viajarão a bordo da cápsula Orion, acoplada no topo do foguete. A cápsula se desprenderá uma vez no espaço e os levará para a Lua, mas sem pousar.

“Pela primeira vez em mais de 50 anos, esses indivíduos – a tripulação da Artemis II – serão os primeiros seres humanos a voar para as proximidades da Lua. Na tripulação estão a primeira mulher, a primeira pessoa negra e o primeiro canadense em uma missão lunar, e todos os quatro astronautas representarão o melhor da humanidade enquanto exploram para o benefício de todos”, disse a diretora Vanessa Wyche, do NASA Johnson Space Center.

“Esta missão abre caminho para a expansão da exploração humana do espaço profundo e apresenta novas oportunidades para descobertas científicas, comerciais, industriais e parcerias acadêmicas e a Geração Artemis”, acrescentou.

Evento de divulgação dos nomes da tripulação da Artemis II, em Houston, no Texas. — Foto: NASA
Evento de divulgação dos nomes da tripulação da Artemis II, em Houston, no Texas. — Foto: NASA

Somente a Artemis III que será a primeira missão tripulada da agência espacial a pousar na Lua desde 1972. A Nasa pretende fazer história com o programa e pousar nessa fase a primeira mulher e a primeira pessoa não-branca na superfície lunar.

Para que tudo isso dê certo, porém, a Nasa avalia agora os mais diversos dados da Artemis I, realizada no ano passado, sem tripulação.

Depois de percorrer mais de 2 milhões de quilômetros e dar várias voltas na Lua, a cápsula Orion da missão voltou à Terra junto com três manequins que estão sendo testados pela agência americana para coletar alguns dos principais dados desse primeiro passo do programa.

São essas informações que ajudarão a Nasa entender o que os futuros astronautas de carne e osso experimentarão durante uma possível missão tripulável.

O foguete SLS da NASA no Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, Flórida, Estados Unidos. — Foto: AP Photo/Terry Renna
O foguete SLS da NASA no Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, Flórida, Estados Unidos. — Foto: AP Photo/Terry Renna

Enquanto as missões Artemis visam principalmente explorar o nosso satélite natural, os objetivos de longo prazo da Nasa são ainda mais ambiciosos. No futuro, a agência espera que o programa ajude no desenvolvimento da ciência astronômica que permitirá a exploração humana de Marte.

A Nasa explica que as missões lunares oferecem uma oportunidade perfeita para a testagem de ferramentas, equipamentos e tecnologias que podem ser úteis numa viagem tripulada ao planeta vermelho.

Mas isso é algo que deve ocorrer somente no final da próxima década, na melhor das expectativas.

(VÍDEO: Relembre como foi o pouso da Orion em dezembro do ano passado.)

As três mulheres que mudaram nossa forma de ver o Universo

Enfrentando preconceitos, cientistas foram pioneiras no desenvolvimento da astronomia
Paula Rosas

Henrietta Swan Leavitt foi pioneira na astronomia – HARVARD UNIVERSITY ARCHIVES via BBC

BBC NEWS MUNDO – Elas precisaram enfrentar os preconceitos da sociedade, dos colegas e dos professores. Recebiam os salários mais baixos, muitas vezes tiveram seu trabalho ignorado por serem mulheres, ou seus companheiros ou superiores simplesmente se apropriaram das suas descobertas.

Chegaram a precisar lutar por coisas básicas, como um banheiro feminino no local de trabalho.

Muito poucas receberam seu merecido reconhecimento em vida. Mas são muitas as mulheres pioneiras da astronomia. Seu trabalho ajudou a nos fazer compreender um pouco mais sobre o Universo.

Destacamos três exemplos dessas mulheres que conseguiram superar obstáculos – alguns deles ainda enfrentados por muitas mulheres até hoje – para mudar a forma como entendemos o cosmos e inspirar as gerações futuras: Henrietta Swan Leavitt, Cecilia Payne-Gaposchkin e Vera Rubin.

HENRIETTA SWAN LEAVITT: AS MEDIDAS DO UNIVERSO

Uma das pioneiras da astronomia, a norte-americana Henrietta Swan Leavitt (1868-1921) começou a trabalhar no Observatório da Faculdade Harvard em 1895.

Henrietta Swan Leavitt foi pioneira na astronomia – HARVARD UNIVERSITY ARCHIVES via BBC

Ela cobrava US$ 0,30 por hora e era quase surda desde os 17 anos. Mas suas descobertas nos deram a chave para entender as medidas do universo e até hoje são usadas para medir a expansão do cosmos.

Leavitt fez parte de um extraordinário grupo de mulheres conhecidas como os “computadores de Harvard“. O astrônomo Edward Charles Pickering as contratou para processar e classificar as enormes quantidades de imagens do universo necessárias para seus estudos.

As mulheres “computadores de Harvard”, com o astrônomo Edward Charles Pickering – HARVARD UNIVERSITY ARCHIVES via BBC

As mulheres cobravam muito menos. Por isso, Pickering tinha condições de contratar várias funcionárias. Elas também eram consideradas conscienciosas e observadoras – ideais para o trabalho monótono e repetitivo que era necessário para análise dos dados.

Por serem mulheres, nenhuma delas tinha direito de operar os telescópios, o que limitava muito o seu trabalho. E os colegas referiam-se ao grupo depreciativamente como “o harém de Pickering”.

Leavitt foi incumbida de trabalhar com as estrelas variáveis chamadas cefeidas, cujo brilho muda com o passar do tempo.

Em 1908, apesar das restrições impostas ao seu trabalho, ela percebeu um detalhe a que os outros cientistas não haviam prestado muita atenção: as estrelas cintilavam com ritmo regular e, quanto mais longo o período, maior sua luminosidade intrínseca.

Este padrão é conhecido hoje em dia como a “lei de Leavitt”. Segundo ela, uma estrela que demora mais para cintilar é intrinsecamente mais brilhante que outra que cintila rapidamente.

A descoberta poderia ter sido uma simples curiosidade, até que Leavitt aplicou esse conhecimento às imagens da Pequena Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã próxima da Via Láctea. E, nesta amostra menor, sua teoria pôde ser vista com ainda mais clareza.

Leavitt concluiu que simplesmente medindo a velocidade de pulsação (que pode variar de dias até semanas) e vendo seu brilho a partir da Terra, o astrônomo pode deduzir a distância até o objeto observado. A descoberta foi tão revolucionária que transformou a imagem bidimensional que tínhamos do Universo em uma imagem 3D.

Seu trabalho, talvez por ser avançado para a época ou simplesmente por ter sido obra de uma mulher, passou uma década abandonado e só foi retomado depois da morte prematura da sua descobridora, vítima de câncer do estômago.

O astrônomo Edwin Hubble baseou-se na descoberta de Leavitt, de 1920, para deduzir que as manchas de luz no céu são galáxias inteiras, muito mais distantes da nossa. Assim, ele nos ensinou que o universo é muito maior do que imaginávamos.

CECILIA PAYNE-GAPOSCHKIN: A MATÉRIA QUE COMPÕE AS ESTRELAS

Cecilia Payne (posteriormente, Payne-Gaposchkin, 1900-1979) era a única mulher na sua classe de física na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Ela precisava sentar-se na primeira fila e suportar diariamente a humilhação dos colegas.

Cecilia Payne, posteriormente Payne-Gaposchkin (1900-1979) – HARVARD UNIVERSITY ARCHIVES via BBC

Um dos seus professores era o pai da física nuclear, Ernest Rutherford. Ele olhava fixamente para ela e começava a aula: “senhoras e senhores…”

“Todos os homens recebiam regularmente esta cena com aplausos estrondosos e batendo os pés… todas as aulas, eu desejava afundar na terra. Até hoje, instintivamente, ocupo o lugar mais fundo possível em uma sala de conferências”, confessou Payne-Gaposchkin em sua autobiografia.

O desplante dos colegas não a desanimou. Mas Payne imaginou que, como mulher, teria mais oportunidade de trabalhar com a astronomia nos Estados Unidos do que no seu país natal, o Reino Unido.

De fato, mesmo concluindo seus estudos em Cambridge, ela nunca conseguiu receber seu diploma. A Universidade só permitiria a graduação de mulheres em 1948.

Em 1923, Payne-Gaposchkin conseguiu uma bolsa de pesquisa para entrar no Observatório da Faculdade Harvard, nos Estados Unidos. Lá, ela trabalhou ao lado das mulheres “computadores de Harvard”, como fez Henrietta Swan Leavitt.

Usando os mais recentes conhecimentos da física quântica, ela elaborou a noção de que as estrelas são compostas principalmente de hidrogênio e hélio. Na época, foi uma ideia revolucionária.

Payne-Gaposchkin chegou a esta conclusão depois de relacionar com precisão os diferentes tipos de espectros das estrelas com suas temperaturas reais, aplicando a teoria de ionização desenvolvida pelo astrofísico indiano Meghnad Saha.

Ela observou uma grande variação nas linhas de absorção estelar e demonstrou que essa variação se devia a diferentes níveis de ionização em diferentes temperaturas, não a diferentes quantidades de elementos.

Até então, a ciência não havia conseguido deduzir do que eram feitas as estrelas. Acreditava-se que seus ingredientes seriam similares aos do planeta Terra. Mas Payne-Gaposchkin afirmou que as estrelas eram muito mais simples do que se pensava e incluiu suas conclusões na sua tese de doutorado.

Em 1925, um dos astrônomos mais reconhecidos da época, Henry Norris Russell, aconselhou Payne-Gaposchkin a eliminar esta ideia da tese, porque ia contra a corrente de pensamento dominante. Mas, alguns anos depois, Russell chegou à mesma conclusão de Payne usando outros métodos. Por isso, acabou, por muitos anos, recebendo o crédito pela descoberta.

Pioneira em muitos campos, Payne-Gaposchkin foi a primeira doutora e física do Radcliffe College, como era chamado na época o setor feminino de Harvard. E, anos depois, ela se tornou a primeira mulher a dirigir o Departamento de Astronomia da Universidade Harvard.

VERA RUBIN: A PIONEIRA DA MATÉRIA ESCURA

Ainda menina, Vera Rubin (1928-2016) construiu seu primeiro telescópio com um tubo de papelão que ganhou em uma loja de linóleos e pequenas lentes que ela comprou em uma loja de material científico.

Anos depois, ela foi a primeira mulher autorizada a operar o Observatório Palomar, na Califórnia (Estados Unidos). Lá ela fez uma descoberta cujos mistérios até hoje estão sendo decifrados: a matéria escura.

Vera Rubin construiu seu próprio telescópio ainda criança – Getty Images via BBC

Atualmente, o observatório com a lente mais potente já fabricada para um telescópio está sendo construído no norte do Chile e leva seu nome.

Sua família sempre incentivou seu talento e paixão pela ciência. Mas, quando Rubin contou ao seu professor de física do instituto, onde era praticamente a única mulher, que planejava entrar na universidade, ele recomendou que ela evitasse as carreiras científicas.

Por sorte, Rubin não deu atenção e formou-se na Faculdade Vassar, nos Estados Unidos, em 1948.

Ela concluiu seu doutorado seis anos mais tarde, já que cuidava dos seus filhos pequenos. Muitas vezes, ela precisava assistir a aulas noturnas, enquanto seus pais cuidavam das crianças e seu marido, que também era cientista, ficava esperando no carro.

Vera Rubin precisou enfrentar, por quase toda a sua carreira, os preconceitos machistas daqueles que consideravam que a vida de uma mãe de quatro filhos era incompatível com a ciência, mas ela sempre se mostrou combativa.

O mais potente telescópio a ser instalado no Chile foi batizado com o nome de Vera Rubin – AIP EMILIO SEGRÈ VISUAL ARCHIVES, RUBIN COLLECTION via BBC

Um exemplo ocorreu quando ela finalmente conseguiu ter acesso ao Observatório de Palomar, onde não havia banheiro feminino. Rubin decidiu reafirmar sua posição e colou uma folha de papel na porta do banheiro masculino, para criar o seu próprio.

Ao longo da vida, ela lutou pela inclusão das mulheres nos comitês e conferências científicas.

Rubin ficou fascinada pelas galáxias espirais e quis estudar como elas giravam. Naquela época, considerava-se que a rotação deveria desacelerar conforme a distância até o centro da galáxia, da mesma forma que os planetas orbitam mais lentamente quanto mais longe estiverem do Sol.

Em um dos seus primeiros estudos, ela questionou esta ideia e, embora sua posição tenha sido recebida com ceticismo, ficou demonstrado que ela tinha razão.

Mais tarde, nos anos 1970, Rubin descobriu algo surpreendente. As galáxias que ela observava giravam tão rápido que o lógico seria que elas se separassem se a única responsável por mantê-las unidas fosse a gravidade das estrelas.

Mas, como as galáxias não se separavam, era preciso haver algo maior, mas totalmente invisível, que exercesse essa força: a matéria escura.

Hoje, depois de 50 anos, sabemos que a matéria escura compõe cerca de 84% do Universo. Ainda estamos tentando compreender do que ela se trata.

Este texto foi origalmente publicado aqui.

Artemis I: Nasa diz que nova tentativa de lançar foguete à Lua será dia 23 ou 27

Confirmação depende dos resultados dos testes de abastecimento, previstos para o dia 17
Por Raisa Toledo

As duas tentativas de lançamento do foguete SLS, no dia 29 de agosto e no dia 3 de setembro, foram adiadas por problemas no abastecimento de hidrogênio líquido.
As duas tentativas de lançamento do foguete SLS, no dia 29 de agosto e no dia 3 de setembro, foram adiadas por problemas no abastecimento de hidrogênio líquido. Foto: Aubrey Gemignani/NASA

Após dois scrubs, como são chamados os adiamentos ou cancelamentos de lançamentos, a Nasa já tem uma nova previsão para iniciar a missão Artemis I ao redor da Lua. As duas possíveis datas são os dias 23 e 27 de setembro. A última tentativa ocorreu no sábado passado, 3, e foi suspensa após a identificação de um vazamento de hidrogênio em uma das linhas de combustível do foguete Space Launch System (SLS).

Em entrevista coletiva concedida pela Nasa nesta quinta-feira, um porta-voz da agência espacial americana informou que são necessários quatro dias entre a realização do teste e um possível lançamento, motivo pelo qual o dia 23 está sendo considerado. Novos testes devem ser realizados no dia 17. Depois do último adiamento, as equipes decidiram substituir a vedação em uma interface, chamada de desconexão rápida, entre a linha de alimentação de combustível de hidrogênio líquido e o foguete.

Antes, no dia 29 de agosto, a primeira tentativa foi adiada também devido a um vazamento de hidrogênio, que impediu o resfriamento de um dos quatro motores do SLS.

Além dos testes de abastecimento, a Nasa precisa resetar as baterias do sistema de lançamento. O procedimento busca atender os critérios do Eastern Range (área de segurança da Força Aérea dos Estados Unidos para lançamentos espaciais e testes de mísseis) para a certificação do sistema de terminação de voo do foguete, que permite que um lançamento seja interrompido de maneira controlada.

De acordo com o porta-voz, os custos de falhar seriam muito maiores do que os de adiar o lançamento como tem sido feito até agora, razão pela qual a equipe precisa “fazer tudo certo”. “Muitas outras coisas são precisas para fazer um foguete voar do que apenas lançá-lo”, afirmou.

Após a realização dos testes, a Nasa vai analisar novamente se as datas previstas são realistas. Até o momento, os representantes da agência espacial estão confiantes de que os problemas serão resolvidos. No dia 23, o lançamento está previsto para as 7h47, no horário de Brasília, com uma janela de 1h20. No dia 27, a previsão é iniciar às 12h37, com uma janela de 1h10.

Programa Artemis

Sucessor do programa Apollo, que levou o homem à Lua pela primeira vez em 1969, o programa Artemis faz parte do objetivo da Nasa de estabelecer uma presença humana permanente no satélite natural.

A Artemis I, sem tripulação, é a primeira das três missões planejadas com essa finalidade. Ela testará os sistemas integrados desenvolvidos pela Nasa e a resistência da cápsula Orion, que fica na ponta do foguete SLS e precisará aguentar velocidade e temperatura bastante elevadas durante o retorno à Terra.

Esses testes são importantes para embasar a realização da Artemis II, uma missão tripulada ao redor da Lua prevista para 2024, e a Artemis III, que pretende levar ao satélite natural a primeira mulher e a primeira pessoa negra, em 2025.

Sua cópia está lá fora e você provavelmente compartilha o DNA com ela

Essa pessoa muito parecida com você não é seu gêmeo, mas cientistas dizem que seus genomas podem ter muito em comum
Kate Golembiewski

Exemplos de fotografias utilizadas no estudo do pesquisador Manel Esteller, que aponta que DNA de sósias é parecido – François Brunelle

THE NEW YORK TIMES – Charlie Chasen e Michael Malone se conheceram em Atlanta em 1997, quando Malone atuou como cantor convidado na banda de Chasen. Eles rapidamente se tornaram amigos, mas não percebiam o que as pessoas ao seu redor viam: os dois podiam passar por gêmeos.

Malone e Chasen são “doppelgängers”, em alemão. Eles são incrivelmente parecidos, mas não são parentes. Seus ancestrais imediatos nem sequer são da mesma parte do mundo: os antepassados de Chasen vieram da Lituânia e da Escócia, enquanto os de Malone são da República Dominicana e das Bahamas.

Os dois amigos, juntamente com centenas de outros sósias não relacionados, participaram de um projeto de fotografia do artista canadense François Brunelle. A série de imagens “Eu Não Sou um Sósia!” foi inspirada pela descoberta de Brunelle de seu próprio sósia, o ator inglês Rowan Atkinson.

O projeto fez sucesso nas redes sociais e em outras partes da internet, mas também chamou a atenção de cientistas que estudam as relações genéticas. O doutor Manel Esteller, pesquisador do Instituto de Pesquisas de Leucemia Josep Carreras, em Barcelona, na Espanha, já havia estudado as diferenças físicas entre gêmeos idênticos e queria examinar o inverso: pessoas que se parecem, mas não são parentes. “Qual é a explicação para isso?”, ele se perguntou.

Em um estudo publicado na terça-feira (23) na revista Cell Reports, Esteller e sua equipe recrutaram 32 pares de sósias das fotografias de Brunelle para fazer testes de DNA e preencher questionários sobre seus estilos de vida. Os pesquisadores usaram um software de reconhecimento facial para quantificar as semelhanças entre os rostos dos participantes. Dezesseis desses 32 pares alcançaram pontuações gerais semelhantes a gêmeos idênticos analisados pelo mesmo software. Os pesquisadores então compararam o DNA desses 16 pares de “doppelgängers” para ver se seu DNA era tão semelhante quanto seus rostos.

Esteller descobriu que os 16 pares que eram “verdadeiros” sósias compartilhavam um número significativamente maior de genes do que os outros 16 pares que o software considerou menos semelhantes. “Essas pessoas realmente se parecem porque compartilham partes importantes do genoma, ou a sequência de DNA”, disse ele. Que pessoas mais parecidas tenham mais genes em comum “pode parecer senso comum, mas nunca foi demonstrado”, disse ele.

Parece haver algo muito forte em termos de genética que está fazendo com que dois indivíduos parecidos também tenham perfis semelhantes em todo o genomaOlivier Elemento

Olivier Elemento
Diretor do Instituto Englander de Medicina de Precisão na Weill Cornell Medicine, em Nova York

O DNA sozinho, entretanto, não conta toda a história de nossa constituição. Nossas experiências vividas e as de nossos ancestrais influenciam quais de nossos genes são ativados ou desativados —o que os cientistas chamam de epigenomas. E o microbioma, nosso copiloto microscópico composto por bactérias, fungos e vírus, é ainda mais influenciado pelo meio ambiente. Esteller descobriu que, embora os genomas dos “doppelgängers” fossem semelhantes, seus epigenomas e microbiomas eram diferentes. “A genética os une, e a epigenética e o microbioma os separam”, afirmou ele.

Essa discrepância nos diz que as aparências semelhantes dos pares têm mais a ver com seu DNA do que com os ambientes onde cresceram. Isso surpreendeu Esteller, que esperava encontrar uma influência ambiental maior.

Como a aparência dos “doppelgängers” é mais atribuível a genes compartilhados do que a experiências de vida compartilhadas, isso significa que, até certo ponto, suas semelhanças são apenas obra do acaso, propiciadas pelo crescimento populacional. Afinal, existe um número limitado de maneiras de construir um rosto.

“Parece haver algo muito forte em termos de genética que está fazendo com que dois indivíduos parecidos também tenham perfis semelhantes em todo o genoma”, disse Olivier Elemento, diretor do Instituto Englander de Medicina de Precisão na Weill Cornell Medicine, em Nova York, que não participou do estudo. As discrepâncias entre as previsões do DNA e a aparência real das pessoas podem alertar os médicos para problemas, disse ele.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

Espaçonave Starliner, da Boeing, alcança a órbita após duas tentativas frustradas

Apesar do sucesso, lançamento foi prejudicado após quatro propulsores falharem durante o voo
Por Christian Davenport – Washington Post Bloomberg

Lançamento da espaçonave Starline, da Boeing, em direção à Estação Espacial Internacional

A espaçonave Starliner, da Boeing, finalmente alcançou a órbita na quinta-feira, 19,  em direção a Estação Espacial Internacional, dando um grande passo após duas tentativas frustradas que se tornaram parte dos muitos problemas da empresa e símbolo da sua queda. 

A conquista, porém, foi um pouco prejudicada após a Boeing divulgar que dois dos quatro propulsores que deveriam colocar a espaçonave na órbita correta falharam. O Starliner possui 12 propulsores que podem ser usados ​​para tais manobras. Os backups entraram em ação, disseram as autoridades, e a espaçonave entrou na órbita correta.

As autoridades estão otimistas de que o problema não interromperá a missão. A nave tem apenas alguns grandes disparos de propulsores a caminho da estação. E assim que o Starliner se aproximar, ele usará propulsores menores para ajustar sua posição para acoplar.

Ele usaria os propulsores maiores novamente quando saísse da estação para sair de órbita em seu retorno à Terra, mas isso também não deve representar um problema, disse Steve Stich, gerente do programa de tripulação comercial da Nasa

Enquanto isso, engenheiros em terra investigarão por que os propulsores falharam. Eles estão “tentando entender o que aconteceu e montar um plano para ver se conseguem recuperar os propulsores”, disse Stich.

“O sistema foi projetado para ser redundante e funcionou como deveria”, disse Mark Nappi, um vice-presidente da Boeing que supervisiona o programa Starliner. “E agora a equipe está trabalhando para descobrir por que essas anomalias ocorreram.” Ele acrescentou: “A espaçonave está em excelentes condições. Hoje parece muito bom, e temos muita confiança no veículo.”

O voo é um teste para a Boeing para demonstrar que sua cápsula autônoma pode se encontrar com a estação e depois estacionar. O voo de quinta-feira foi um teste da espaçonave sem pessoas a bordo. Se a missão for bem, A Boeing mais tarde começaria a levar astronautasda Nasa. 

A notícia das falhas do propulsor veio depois que a espaçonave decolou com sucesso do Cabo Canaveral a bordo de um foguete Atlas V, iluminando os céus sobre a Costa Espacial da Flórida.

A cápsula ainda precisa alcançar a estação espacial, voando em órbita a 17.500 mph. Em seguida, ele precisa se aproximar cada vez mais da estação, pausando em vários incrementos para garantir que esteja posicionado corretamente. Então a Nasa daria luz verde para atracar. 

O retorno também é um grande teste. O Starliner se desprenderia da estação depois de alguns dias, depois viria arremessando-se pela atmosfera espessa, gerando temperaturas de cerca de 3,5 mil graus Fahrenheit. O escudo térmico tem que aguentar. Os pára-quedas têm que trabalhar para desacelerá-lo para o pouso. Assim como os airbags que o Starliner implanta para garantir um toque suave em um dos locais de pouso remotos escolhidos no oeste dos Estados Unidos.

Mas enquanto a Nasa e a Boeing estão aplaudindo, o lançamento foi um grande alívio e uma vitória muito necessária, este é apenas o primeiro passo. Há um longo caminho pela frente. 

“Vamos dar um passo de cada vez”, disse Kathy Lueders, administradora associada da Nasa para operações espaciais antes do voo. “Vamos usar isso como aprendizado para nós e então poderemos levar nossas tripulações.”

A Boeing havia tentado e falhado em duas tentativas anteriores de realizar o voo de teste sem tripulação para a estação espacial. A primeira tentativa de voo, em dezembro de 2019, deu errado por causa de um grande problema de software. O relógio de bordo da cápsula estava com 11 horas de atraso. Os controladores terrestres lutaram para se comunicar com a espaçonave e tiveram que terminar a missão sem atracar na estação espacial.

A Boeing passou cerca de 18 meses corrigindo os problemas de software, passando por todas as 1 milhão de linhas de código e investigando o problema junto com a Nasa. Finalmente, a espaçonave retornou à plataforma de lançamento em julho de 2021, mas horas antes do lançamento, os engenheiros descobriram que 13 válvulas no módulo de serviço não podiam ser abertas. A Boeing e a Nasa disseram que resolveram o problema e estão prontos para voar novamente.

Depois que o ônibus espacial Space Shuttle foi aposentado em 2011, a Nasa procurou o setor privado para transportar carga e suprimentos e, eventualmente, seus astronautas para a estação espacial. Em 2014, celebrou contratos com a Boeing e SpaceXpara desenvolver naves espaciais capazes de levar astronautas sob seu programa de tripulação comercial. Inicialmente, a maioria da indústria espacial esperava que a Boeing lançaria primeiro por causa de sua longa herança em voos espaciais. Mas a SpaceX voou sua primeira missão tripulada em 2020 e várias outras desde então. Apesar dos problemas da Boeing, funcionários da Nasa demonstraram confiança na empresa e sua cápsula.

O astronauta da Nasa Barry “Butch” Wilmore disse que ele e seus colegas designados para os voos Starliner “não estariam aqui se não estivéssemos confiantes de que esta seria uma missão bem-sucedida. Mas sempre há incógnitas desconhecidas. Isso é o que historicamente sempre nos pegaram. São essas coisas que não sabemos e não esperamos.” Ainda assim, acrescentei: “Estamos prontos”. 

Suni Williams, outro astronauta da Nasa que poderia voar em um dos primeiros voos do Starliner, reconheceu que “há muito trabalho pela frente antes de chegarmos ao voo tripulado. Mas estamos ansiosos. Estamos prontos para a espaçonave ir para a estação espacial, ter muito sucesso, voltar, ter um bom pouso suave. E então estaremos prontos para o trabalho.”

Ator anglo-brasileiro Alfred Enoch lembra episódio de racismo em hotel de luxo Rio

Artista estreou no cinema nacional em “Medida Provisória”, primeiro filme dirigido por Lázaro Ramos
Yasmin Setubal

Colete Serpent’ne, calça Retropy, colares Sara Joias e relógio Cartier na Sara Joias Foto: Marcus Sabah
Colete Serpent’ne, calça Retropy, colares Sara Joias e relógio Cartier na Sara Joias Foto: Marcus Sabah

Eram dez e meia da manhã de uma sexta-feira que prometia um temporal daqueles no Rio. Alfred Enoch caminhava a passos largos por um dos corredores da Feira de São Cristóvão, cenário escolhido para as fotos deste ensaio. Pisava naquele lugar pela primeira vez, apesar de visitar o Brasil anualmente desde a infância. Rasgando um português perfeito, com direito a “carioquices” (como o famoso “mermo”), o ator cumprimentou a todos com a cortesia típica de quem nasceu e ainda mora em Londres, na Inglaterra. “Vejo que perdi muita coisa sendo criado fora, mas, quando criança, não sentia a necessidade de afirmar essa parte da minha identidade, porque, para mim, era muito óbvio: sou metade brasileiro, metade inglês”, pontua ele, que já morou em Salvador, na Bahia, em dois momentos: aos 3 anos, por um trimestre, e aos 6, por mais de um ano.

Camisa e calça Gucci Foto: Marcus Sabah
Camisa e calça Gucci Foto: Marcus Sabah

Aos 33, o ator coleciona sucessos no currículo, como o Dino Thomas nos filmes da saga “Harry Potter” e Wes Gibbins no seriado “Como defender um assassino” — onde atuou junto a nomes do quilate de Viola Davis —, e faz sua estreia no cinema nacional como protagonista de “Medida Provisória”, primeiro longa-metragem dirigido por Lázaro Ramos, lançado na última quinta-feira. “Além de ter uma carreira internacional reconhecida, ele tem uma forte ligação com a nossa cultura e com a nossa língua. A partir disso, saí em busca do contato do Alfred”, lembra Lázaro. “Gosto de dizer que a cena da sacada, na qual ele grita ‘esse país também é meu’, é muito emblemática para o filme e também para a história pessoal dele.”

Camisa Ori Rio, calça Handred e colares Sara Joias Foto: Marcus Sabah
Camisa Ori Rio, calça Handred e colares Sara Joias Foto: Marcus Sabah

Alfred é filho do ator britânico William Russell, conhecido por “Doctor Who”, e da médica brasileira com ascendência afro-barbadiana Etheline Enoch, que se apaixonaram em 1981, durante uma turnê no Rio de um espetáculo estrelado pelo veterano, hoje com 97 anos. “Meu pai convidou minha mãe para passar o Natal em Londres, e ela nunca mais voltou”, conta. Apesar de iniciar sua fluência em português aos 3 anos, o artista admite certa insegurança com o idioma. “Não acho que falo bem e me cobro demais. Quando já estou há muito tempo aqui, consigo relaxar, mas quando chego, fico bolado tentando falar direitinho. Sei que é uma besteira, e que esse lugar de cobrança não me ajuda, mas é como se esses erros colocassem a minha brasilidade em jogo”, pondera ele, graduado em Português e Espanhol pela Universidade de Oxford.

Camisa poloSerpent’ne e colar Dipuá Foto: Marcus Sabah
Camisa poloSerpent’ne e colar Dipuá Foto: Marcus Sabah

No filme, o ator vive o advogado Antônio, que sofre com a imposição de uma medida provisória absurda, que pretende devolver todos os negros à África. Seu par romântico é a cirurgiã Capitu, interpretada por Tais Araújo. “Trabalhar com ele foi maravilhoso, é um cara muito técnico, mas sem perder a espontaneidade. Aprendi demais e era lindo vê-lo tomando posse dessa identidade brasileira”, elogia a atriz.

A implementação da medida 1888 e o consequente embranquecimento da população brasileira, de carona no discurso da reparação histórica, é o grande argumento do filme. Para o ator, que não cresceu no Brasil, injustiças sociais e o racismo não escolhem país. Mas é no Rio onde ainda habita a lembrança de um episódio dolorido da infância. Aos 10 anos, um segurança o impediu de entrar num hotel de luxo com seus pais. Estava de bermuda, chinelo e molhado por causa da chuva que batia forte. “Ele achava que não tinha por que eu estar naquele lugar. Isso te diz muito sobre quais espaços os corpos negros são permitidos ocupar”, afirma. “Percebo essa desigualdade desde sempre, porque minha mãe era praticamente, senão a única, pessoa negra da turma de Medicina, e estudava enquanto trabalhava como professora de escola primária. Ela não teve os mesmos privilégios que eu.”

Regata Ori Rio, calça Handred, colar menor Dipuá e colar mais longo, Sara Joias Foto: Marcus Sabah
Regata Ori Rio, calça Handred, colar menor Dipuá e colar mais longo, Sara Joias Foto: Marcus Sabah

Acostumado a vir ao Brasil para passar férias e “fazer tudo aquilo que uma pessoa faz quando não tem compromissos”, o ator, que é apaixonado por “se perder num bloco” de carnaval de rua, conta que se viu desafiado ao trabalhar num país tropical por conta do clima quente e do ritmo da cidade. Mas se diz aberto a convites e mais oportunidades por aqui. “Só estou esperando me chamarem.”

Sem qualquer perfil oficial nas redes sociais, enquanto uma fan page no Instagram dedicada a ele esbanja mais de 170 mil seguidores, Alfred não acompanhou a repercussão de sua vinda ao Brasil para o lançamento do filme. “Não tenho talento e nem saco para tecnologia. Brinco que o transporte público é a minha rede social. As pessoas vêm e falam comigo. Melhor que viver a vida com o celular na mão”, finaliza.

SpaceX completa viagem histórica para o turismo espacial; veja como foi o pouso

Empresa de Elon Musk realiza feito inédito de levar civis em um voo orbital, sem astronautas ou pilotos
Por Giovanna Wolf – O Estado de S. Paulo

Pouso da cápsula Crew Dragon foi amortecido com paraquedas

A primeira missão a levar civis para a órbita da Terra foi encerrada com sucesso neste sábado, 18. Após uma viagem de três dias, a nave da SpaceX, empresa de exploração espacial do bilionário Elon Musk, pousou na costa da Flórida, no Oceano Atlântico, às 20h07 (horário de Brasília). 

A missão, chamada de Inspiration4, é histórica e coloca Elon Musk à frente na corrida do turismo espacial. Os voos turísticos para o espaço realizados em julho pela Blue Origin, de Jeff Bezos, e pela Virgin Galactic, de Richard Branson, ficaram em altitudes mais baixas e não chegaram a entrar em órbita. A SpaceX já havia se tornado no ano passado a primeira companhia privada a realizar um voo orbital tripulado – porém, na ocasião, a nave contava com a presença de astronautas profissionais.

A preparação para a cápsula Crew Dragon reentrar na atmosfera começou na sexta-feira, 17, com manobras de diminuição de altitude e alinhamento da trajetória da cápsula com o local de pouso – durante a viagem, a nave chegou a uma altitude de 575 km, bem acima da posição da Estação Espacial Internacional, que está em órbita a 408 km de distância da Terra.

Na noite deste sábado, os primeiros paraquedas da cápsula se abriram às 20h03 e, um minuto depois, foram acionados os paraquedas principais para amortecer o pouso. A nave pousou no oceano às 20h07 – na sequência, embarcações foram receber a tripulação. Dez minutos antes do pouso, no momento da reentrada na atmosfera, a cápsula passou por um período de “blackout” de quatro minutos, sem comunicação com a Terra.  

Reveja abaixo a transmissão do pouso:

Ao contrário de Bezos e Branson, Elon Musk não embarcou na aventura. Quatro passageiros participaram da missão: Jared Isaacman (bilionário de 38 anos, fundador da empresa de pagamentos Shift4 Payments), Hayley Arceneaux (médica de 29 anos que sobreviveu a um câncer ósseo), Chris Sembroski (veterano da força aérea dos Estados Unidos de 42 anos) e Sian Proctor (geologista de 51 anos). Os tripulantes participaram de treinamentos e simulação com a SpaceX desde fevereiro.

Isaacman pagou por todos os assentos no voo – o valor desembolsado não foi revelado. O plano é usar a viagem para arrecadar fundos para um hospital americano de tratamento de câncer infantil. Entre as cargas da Inspiration4, estarão um conjunto de experimentos relacionados à saúde, e os objetos usados na viagem serão leiloados. A missão pretende arrecadar US$ 200 milhões para o hospital de pesquisa – Isaacman doará outros US$ 100 milhões. 

Nos últimos três dias, os tripulantes deram uma volta na Terra a cada 90 minutos. Na sexta-feira, 17, os passageiros participaram de uma transmissão de aproximadamente 10 minutos direto do espaço, em que falaram sobre a experiência e mostraram alguns objetos que levaram para viagem. Isaacman afirmou que a cápsula Crew Dragon estava se deslocando a 7,6 quilômetros por segundo. “Estamos muito orgulhosos de compartilhar essa experiência com todo mundo. Sabemos o quanto somos afortunados por estar aqui”, afirmou o bilionário. 

Chris Sembroski chegou a tocar ukulele dentro da nave na transmissão – o instrumento será um dos itens a serem aproveitados no leilão beneficente. Já a médica Hayley Arceneaux mostrou um ultrassom portátil, usado para examinar passageiros. 

Futuro

O voo da SpaceX é um novo salto nas viagens turísticas ao espaço. A nave com Jeff Bezos, fundador da Amazon, atingiu a altitude de 107 km e viajou por 10 minutos, enquanto o planador com Richard Branson chegou a 80,5 km em um voo de 90 minutos. Nenhum dos dois veículos chegaram a entrar em órbita, e eles passaram longe da localização da Estação Espacial Internacional. 

“A viagem da Inspiration4 é de outra ordem de grandeza. As iniciativas da Virgin Galactic e da Blue Origin foram apenas passeios, enquanto a SpaceX concluiu uma missão espacial de verdade”, afirma Cassio Leandro Dal Ri Barbosa, astrônomo e professor do Centro Universitário FEI.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=y3A332

Para Alexandre Zabot, professor de Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o voo da SpaceX consolida uma nova era no setor. 

“Esse tipo de viagem exige foguetes com uma capacidade de lançamento de carga para o espaço muito diferenciada. Até então, víamos algumas aventuras pontuais relacionadas ao turismo espacial. Agora, já vemos três empresas mostrando tecnologias maduras e fazendo voos inaugurais com civis”, diz Zabot. “Estão abertas as portas para um turismo espacial permanente, gerenciado por companhias privadas”. 

Bezos e Branson reconheceram o sucesso da Inspiration4. “Parabéns Elon Musk, SpaceX e equipe pelo sucesso no lançamento da Inspiration4 na noite passada. É mais um passo em direção a um futuro de um espaço acessível a todos”, afirmou o fundador da Amazon no Twitter na quinta-feira, 18. Também na rede social, Branson parabenizou a empresa por alcançar a órbita e disse que a viagem é “outro grande momento para a exploração espacial”. 

Vídeo

Inspiration4 | In-Flight Update with the Crew

Join us for the first live, on-orbit update from the Inspiration4 crew – the world’s first all-civilian human spaceflight to orbit!

The Inspiration4 mission is part of Jared’s ambitious fundraising goal to give hope to all kids with cancer and other life-threatening diseases. Visit St. Jude Children’s Research Hospital® to learn how you can help the Inspiration4 crew reach their $200M fundraising goal.

During their multi-day journey in orbit, the Inspiration4 crew will conduct scientific research designed to advance human health on Earth and for future long-duration spaceflights.

Junte-se a nós para a primeira atualização ao vivo em órbita da tripulação do Inspiration4 – o primeiro vôo espacial humano totalmente civil a orbitar!

A missão Inspiration4 é parte da ambiciosa meta de arrecadação de fundos de Jared para dar esperança a todas as crianças com câncer e outras doenças fatais. Visite o St. Jude Children’s Research Hospital® para saber como você pode ajudar a equipe do Inspiration4 a atingir sua meta de arrecadação de fundos de US $ 200 milhões.

Durante sua jornada de vários dias em órbita, a tripulação do Inspiration4 conduzirá pesquisas científicas destinadas a promover a saúde humana na Terra e para futuros voos espaciais de longa duração.