De acordo com pesquisa feita nos Estados Unidos, a carga mental das mulheres é maior do que a dos homens na parentalidade
Por Caitlin Gibson
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Em meio à pandemia e ao agravamento da crise de saúde mental entre as crianças, uma pesquisa do Pew Research Center com famílias americanas revela que pais e mães têm muitas preocupações – e as mães, em particular, carregam grande parte desse fardo mental. A pesquisa com mais de 3.700 famílias nos Estados Unidos, realizada no outono de 2022, revelou que os adultos se preocupam com suas crianças por vários motivos, com temores a respeito de saúde mental no topo da lista. As mães se mostraram especialmente preocupadas com a possibilidade de seus filhos sofrerem de ansiedade ou depressão em algum momento, enquanto 32% dos pais disseram o mesmo.
Quando questionadas sobre uma série de ameaças potenciais para suas crianças – como desafios de saúde mental, assédio moral, sequestro, ataques físicos, problemas com drogas ou álcool e tiroteios –, as mães se mostraram consistentemente mais preocupadas do que os pais, e as mães hispânicas em particular ficaram mais propensas do que as mães brancas, negras ou asiáticas a dizer que estavam extremamente preocupadas que seus filhos pudessem enfrentar essas experiências. A pesquisa não encontrou nenhum padrão comparável entre pais de diferentes grupos raciais ou étnicos.
Ou seja, as mães foram mais propensas do que os pais a dizer que ter filhos é estressante e cansativo o tempo todo ou a maior parte do tempo. Disseram que fazem mais do que seus parceiros para administrar a responsabilidade de cuidar dos filhos (a maioria dos pais afirmou que a divisão é mais ou menos igual).
Mães se sentem julgadas
As mães também se mostraram mais propensas do que os pais a relatar que se sentem julgadas por outras pessoas além dos cônjuges pela maneira como cuidam das crianças – até mesmo por parentes, amigos e outros pais e mães de suas comunidades. E foram mais propensas a dizer que ter filhos tem sido “muito mais difícil” do que esperavam.
Elas também são mais propensas a ver a maternidade como o elemento definidor de sua identidade: 35% descreveram ser mãe como o aspecto mais importante de sua personalidade, em comparação com 24% dos pais. Rachel Minkin, pesquisadora associada do Pew que colaborou na escrita do relatório, chamou a atenção para os fios que conectam as respostas.
“As mães consideram o trabalho maternal muito importante, mas também mais cansativo e estressante”, disse. “As mães dizem que estão mais preocupadas e, quando se trata de estilos de parentalidade, elas são mais propensas do que os pais a dizer que tendem a ser superprotetoras. Então dá para ver como essas questões influenciam umas às outras”.
O relatório é a primeira pesquisa abrangente sobre parentalidade nos Estados Unidos que o Pew realiza desde 2015. As descobertas da pesquisa anterior ilustraram os desafios dos pais e mães que trabalham, com mães e pais relatando que tinham dificuldade para equilibrar as responsabilidades profissionais com seus papéis na família. Os adultos também compartilharam preocupações sobre a segurança mental e física das crianças.
Diante desse cenário complicado, as mães parecem se sentir mais sujeitas ao escrutínio das outras pessoas. Elas se mostraram mais propensas a dizer que se sentiam julgadas “pelo menos às vezes” por seus próprios pais e mães (47%) ou por seus cônjuges ou sogros (45%). As mães também foram muito mais propensas a dizer que se sentem julgadas pelo menos às vezes por outros pais e mães de suas comunidades (41% das mães, em comparação com 27% dos pais). Os pais, por outro lado, foram mais propensos do que as mães a dizer que se sentem julgados por seus cônjuges ou parceiros pela maneira como cuidam dos filhos.
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As fontes de estresse só se intensificaram nos anos seguintes, já que a pandemia colocou pressão adicional sobre as mães que trabalham, e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças alertaram para um declínio vertiginoso da saúde mental entre adolescentes e pré-adolescentes.
Diante desse cenário complicado, as mães parecem se sentir mais sujeitas ao escrutínio das outras pessoas. Elas se mostraram mais propensas a dizer que se sentiam julgadas “pelo menos às vezes” por seus próprios pais e mães (47%) ou por seus cônjuges ou sogros (45%). As mães também foram muito mais propensas a dizer que se sentem julgadas pelo menos às vezes por outros pais e mães de suas comunidades (41% das mães, em comparação com 27% dos pais). Os pais, por outro lado, foram mais propensos do que as mães a dizer que se sentem julgados por seus cônjuges ou parceiros pela maneira como cuidam dos filhos.
A pesquisa oferece um retrato esclarecedor da parentalidade no turbulento momento atual, disse Minkin: “É muito interessante podermos fazer essa pesquisa agora”. /TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU