O anúncio foi feito nesta terça-feira (14), Dia Internacional Contra a Exportação de Animais Vivos, criado por movimentos ligados à causa animal. Veja o trailer!
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Imagine passar semanas confinado em um navio viajando de um continente ao outro com pouco espaço para circular e realizar necessidades básicas. Por ano, mais de meio milhão de animais deixam os portos do Brasil rumo ao mercado internacional como cargas vivas, em viagens que segundo defensores da causa animal, prejudicam a saúde e o bem-estar físico e psicológicos dos animais.
Buscando despertar os consumidores para esta realidade pouco conhecida, a ONG Mercy For Animals, dedicada ao fim da exploração animal, lançará em julho um documentário sobre a exportação de animais vivos no país. O anúncio foi feito nesta terça-feira (14), Dia Internacional Contra a Exportação de Animais Vivos.
A data foi criada em 2016 pela Compassion in World Farming, que promove ações internacionais de conscientização sobre o assunto, depois que 13.000 ovelhas morreram durante uma viagem marítima da Romênia para a Somália.
Narrado pela ativista Luisa Mell, o documentário “Exportação Vergonha” mostra imagens inéditas de investigação sobre a passagem pelo Brasil, em março de 2022, do Mawashi Express, o maior navio de transporte de animais vivos do mundo. O filme traz entrevistas e dados para contextualizar o tema com base em um relatório investigativo produzido pela ONG, em parceria com a agência independente de jornalismo Repórter Brasil.
“O objetivo é potencializar o despertar da consciência da população brasileira e internacional para a urgente necessidade do banimento desta atividade econômica, que é uma das piores da indústria devido ao extremo sofrimento dos animais, além de impactos negativos ambientais e sociais”, diz em nota Cristina Mendonça, diretora executiva da Mercy For Animals no Brasil.
O lançamento, que ainda terá a data anunciada, faz parte de uma campanha mais ampla pelo fim da prática, que conta também com uma petição pública criada pela própria ativista Luisa Mell. O documento que angaria assinaturas no site Change.org busca pressionar o Congresso Nacional a aprovar um dos três projetos de lei que visam proibir, em todo o território nacional, a exportação de animais vivos para abate: o PL 357/2018, o PL 3093/2021 e o PL 3016/2021.
Segundo o relatório, atualmente, o Brasil é o segundo maior exportador de bovinos vivos por via marítima, o segundo maior fornecedor do Oriente Médio e o maior fornecedor do Norte da África. A cada ano, ao redor do mundo, cerca de 11 milhões de bovinos são exportados vivos para abate. Uma parte significativa (18%) desses animais é transportada em navios por longas distâncias a partir de portos localizados na Oceania e na América do Sul.
Antes de chegarem ao porto para a viagem, com frequência os bois têm que enfrentar longas e debilitantes viagens de caminhão, principalmente na região Norte do Brasil. Grande parte das fazendas fornecedoras nessa região localizam-se a centenas de quilômetros das estações de pré-embarque (EPEs), locais em que os animais permanecem por dias ou semanas, até serem transportados para o porto.
Se a pandemia da Covid-19 cobrou sua dose de confinamento da sociedade, para as cargas vivas a situação ficou mais dramática. Os mais de 2 bilhões de animais, incluindo vacas, ovelhas, cabras, porcos e galinhas, exportados a cada ano ficaram presos em trânsito por muito mais tempo do que o esperado. Para além dos danos ao bem-estar animal, situações como essa também são um campo fértil para problemas sanitários e doenças.
Atentos ao risco, vários países estudam propor a proibição da exportação de animais vivos. Em agosto do ano passado, o Reino Unido anunciou que colocaria um fim à prática. No mesmo ano, a Nova Zelândia disse que encerraria a exportação de gado por mar a partir de abril de 2023, citando preocupações com danos à reputação do país em bem-estar animal.