Nos últimos meses, presenciamos a movimentação de diversos trabalhadores da Apple demandando melhores condições de trabalho dentro da empresa sob a alcunha #AppleToo.
Apple Store Stanford, Location: Stanford CA, Architect: Bohlin Cywinski Jackson
Agora, o grupo passou a ser denominado Apple Together e, unindo trabalhadores dos escritórios, lojas e suporte da empresa, anunciou estar organizando uma paralisação amanhã, 24 de dezembro (sexta-feira) — também conhecida como véspera de Natal e um dos dias mais movimentados para qualquer negócio.
A paralisação é um esforço dos trabalhadores para exigir melhores condições de trabalho dentro da empresa, incluindo um ambiente de trabalho mais respeitoso, licença médica paga, uma saúde mental adequada e mais.
No final da mensagem, o grupo pede que consumidores evitem fazer compras na Apple amanhã, a fim de apoiar o movimento e demonstrar a seriedade da situação à empresa. Não ficou claro, porém, quantos funcionários vão participar da paralisação.
Egípcias procuram himenoplastias baratas ou outros tipos de tratamento para não serem punidas por não ter um hímen ‘intacto’ Menna A. Farouk, da Thomson Reuters Foundation
Uma mulher passa por um mural com uma mensagem contra assédio sexual em uma rodovia em Cairo Foto: Amr Abdallah Dalsh / Reuters
CAIRO — Ela anuncia suas cirurgias discretamente como um serviço de “saúde e beleza”, mas a ginecologista que oferece operações de reconstrução do hímen para mulheres na zona rural do Egito diz que elas salvam vidas.
Em sociedades conservadoras como o Egito, um hímen “intacto” — o tecido fino que pode cobrir parcialmente a vagina — ainda é amplamente visto como uma confirmação da virgindade.
Para as noivas, um hímen pode, no pior dos casos, motivar os chamados crimes de honra, que geralmente são cometidos por parentes das vítimas.
— Este é nosso dever como médicos: proteger as meninas de assassinatos e do estigma social a que são submetidas por causa do hímen — disse a ginecologista Layla, que pediu para usar um pseudônimo.
Reparar ou reconstruir cirurgicamente o hímen, conhecido como himenoplastia, é legal no Egito, mas inacessível para a maioria, custando até 20 mil libras egípcias (R$ 7.296) — cerca de duas vezes o salário médio.
Para mulheres em áreas rurais como o Alto Egito, onde comportamentos tendem a ser ultraconservadores, o acesso ao procedimento é ainda mais difícil. Os serviços de saúde são limitados e poucas mulheres têm condições de pagar pela cirurgia.
Layla viaja regularmente para as províncias distantes do Egito para realizar himenoplastias por cerca de um terço do preço normal.
— Anuncio no meu Facebook que vou para uma certa região. As pessoas marcam uma consulta e eu faço as operações em suas casas — disse.. — No Alto Egito, é muito difícil falar sobre esse assunto porque é uma sociedade muito conservadora.
Nos últimos nove anos, ela realizou cerca de 1.500 operações. Por volta de um terço foram gratuitas para mulheres em condições vulneráveis.
O Ministério da Saúde do Egito e o Conselho Nacional para Mulheres, que não têm dados sobre himenoplastias ou crimes de honra, recusaram-se a comentar, mas grupos de direitos humanos dizem que milhares de mulheres são mortas no Oriente Médio e no Sul da Ásia a cada ano por parentes irritados com a percepção de danos à sua “honra”.
Randa Fakhr El-Deen, diretora executiva do Sindicato das ONGs sobre Práticas Nocivas contra Mulheres e Crianças, organiza oficinas de educação em saúde sexual ensinando que hímens podem ser rasgados em esportes ou acidentes de carro.
— Até que a sociedade mude sua perspectiva sobre esta questão, as mulheres devem ser realmente encorajadas a fazê-la — disse Reda Eldanbouki, advogada e diretora executiva do Centro de Mulheres para Orientação e Conscientização Legal, uma ONG feminista.
A postura religiosa sobre a reconstrução do hímen no Egito, de maioria muçulmana, também não é clara, com alguns clérigos insistindo que ela só deveria ser permitida em casos de estupro.
Mas um estudioso do Dar al-Iftaa, um importante instituto islâmico egípcio, disse recentemente que as mulheres que buscam mudar o curso de suas vidas após terem feito sexo antes do casamento também podem fazer uma himenoplastia.
‘Um pesadelo’
Ansiosa à medida que se aproximava o dia do casamento, Nour Mohamed, de 26 anos, depositou suas esperanças em um fitoterapeuta que oferecia uma mistura que, segundo ele, estimularia o sangramento durante o sexo, sugerindo que seu hímen havia se rompido.
Depois de terminar com o ex-namorado anos atrás, ela estava sob pressão da família para se casar, mas precisava de uma maneira barata de fazer seu futuro marido pensar que ela era virgem.
— Foi um pesadelo. Eu teria sido morta ou exposta pelo meu marido. Não tinha dinheiro para uma himenoplastia e este tratamento com ervas era minha única esperança .— contou, dizendo que o tratamento funcionou para ela.
Pedindo para permanecer anônimo, embora seu trabalho seja legal, o fitoterapeuta de Mohamed disse que tratou cerca de 4 mil pacientes do Egito e outros milhares da Argélia e do Marrocos. Ele cobra 2 mil libras egípcias, mas disse que fez de graça em alguns casos para ajudar mulheres sob risco de violência.
A ginecologista Amira Ibrahim Abou Shady, baseada no Cairo, afirmou que as pessoas que comercializam ervas e “receitas mágicas” on-line estão “lucrando com garotas desesperadas que estão tentando recuperar o que perderam”. Para ela, a cirurgia é a única maneira de restaurar o hímen.
Embora possa levar décadas para mudar as crenças enraizadas sobre a virgindade e erradicar os crimes de honra, Fakhr El-Deen convocou uma campanha nacional para combater os equívocos sobre o significado do hímen:
— Estamos falando sobre vidas, e elas são importantes.
Autora e jornalista começou sua carreira na década de 1960 e foi destaque do New Journalism
Joan Didion em 2007 Foto: NYT
RIO – Um dos maiores expoentes do Novo Jornalismo americano, a escritora Joan Didion morreu nesta quinta-feira, aos 87 anos, em sua casa em Nova York. De estilo mordaz, ela começou como uma cronista do caos dos anos 1960. Livros como “O ano do pensamento mágico” e “O álbum branco” a levaram a estabelecer-se como uma voz dura e concisa na ficção americana. Segundo sua editora americana, o Mal de Parkinson foi a causa da morte.
Didion se destacou com uma série de artigos incisivos e investigativos na revista “Life” e no jornal “The Saturday Evening Post”, que tratavam da vida americana do pós-guerra. A Califórnia, estado em que nasceu, na capital, Sacramento, em 1934, foi seu principal laboratório e fornecedor de material. Profunda conhecedora do local e da população, ela capturou a aspereza e a beleza do estado povoado por imigrantes – de dentro e de fora dos Estados Unidos – em busca das riquezas que a Califórnia supostamente prometia.
“Acreditávamos em recomeços”, escreveu ela em “Where I was from” (2003), um perfil do estado e de sua psicologia. “Acreditávamos na boa sorte. Acreditávamos que o minerador, em um golpe da pá, podia encontrar uma mina de prata”.
Em duas coleções de ensaios, ainda início da carreira, “Rastejando até Belém” (1968) e “O Álbum Branco” (1979), ela direcionou seu olhar elegante e apreensivo sobre os hippies de Haight-Ashbury, em São Francisco, para figuras excêntricas e exploradoras como Bishop James Pike e Howard Hughes, além da indústria do cinema e na música da banda The Doors e suas metáforas relativas à morte.
Sua atração por questões problemáticas, personalidades em processo de desintegração e caos incipiente veio de forma natural. No ensaio que dá nome a “O Álbum Branco”, ela inclui sua própria avaliação psiquiátrica ao chegar ao St. John’s Hospital, em Santa Monica, na Califórnia, queixando-se de vertigem e náusea.
Parte dele diz: “Em sua visão, ela vive em um mundo de pessoas movidas por motivações estranhas, conflituosas, mal compreendidas, e, acima de tudo, tortuosas, comprometidas inevitavelmente com o conflito e o fracasso”. A descrição, que ela não contestava, poderia descrever o arquétipo da heroína em seus romances.
“O talento dela era para escrever sobre o humor da cultura”, disse a escritoa Katie Roiphe em uma entrevista. “Ela conseguia canalizar o espírito dos anos 1960 e 70 através de sua escrita altamente idiossincrática e pessoal, quer dizer, aparentemente pessoal. Ela era perfeitamente ajustada com a época, com sua sensibilidade ligeiramente paranoica, levemente histérica. Foi a conjunção perfeita da escritora com o momento”.
Mais tarde, Didion se dedicou à reportagem política, com longos ensaios para a “New York Review of Books” sobre a guerra civil em El Salvador e a cutura dos imigrantes cubanos em Miami. Eles depois foram publicados em livros, chamados “Salvador” e “Miami”.
“Ela era destemida, original e uma observadora maravilhosa”, disse Robert B Silvers, editor da “New York Review of Books” na época em que ela começou a publicar o trabalho de Didion, no início dos anos 1970. “Ela era muito cética em relação à visão convencional e brilhante na hora de achar a pessoa ou situação que fornecia uma visão mais ampla. Era uma grande repórter”.
Joan Didion nasceu no dia 5 de dezembro de 1934, em Sacramento, filha de Frank e Eduene Didion, uma californiana da quinta geração. Seu pai trabalhava na sessão financeira do Exército, a mãe era dona de casa, e durante a Segunda Guerra Mundial a família se mudou constantemente, até voltar a Sacramento após a guerra.
Na adolescência, Didion datilografava capítulos dos livros de Ernest Hemingway para ver como eles funcionavam. Ela foi profundamente influenciada pela forma como Hemingway usava diálogos e silêncios. Joseph Conrad foi outra influência em sua formação.
Em seu penúltimo ano na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde se formou em Letras-Inglês, em 1956, Didion entregou um rascunho de um conto para a revista “Mademoiselle” e conseguiu uma vaga de escritora de ficção convidada na publicação. No ano seguinte, ela ganhou um concurso de ensaios patrocinado pela “Vogue”. Não aceitou o prêmio – uma viagem a Paris – e foi direto trabalhar na revista, onde sua prosa passou por um rigoroso processo de lapidação, até que ela avançasse para o cargo de editora-associada. “Em uma legenda de oito linhas, tudo tinha que funcionar, cada palavra, cada vírgula”.
No início dos anos 1960, Didion já trabalhava para a “Vogue”, a “Mademoiselle” e a “National Review”, frequentemente com temas como “Ciúme: seria uma doença curável?”. Ao mesmo tempo, ela publicou um primeiro romance, “Run, river” (1963), bem recebido, sobre a evolução de uma família em Sacramento. Embora ainda não tivesse a destreza que sua ficção teria mais tarde, ele apresentava os temas que seriam espinha dorsal de seus romances – violência, ódio, o sentimento nauseante de que o mundo está girando fora de controle.
Em 1964, ela se casou com John Gregory Dunne, jornalista da “Time” que era seu amigo há anos. Eles se mudaram para a Califórnia e começaram a escrever roteiros. Também adotaram uma filha, Quintana Roo.
Com o passar do tempo, eles se tornaram um casal popular nas duas costas americanas, com um pé em Hollywood e o outro nos salões literários de Manhattan. Dunne morreu de enfarte em 2003, aos 71 anos. Dois anos depois, Quintana Roo morreu de pancreatite e choque séptico, com 39. Didion escreveu sobre a morte do marido e a doença da filha em “O ano do pensamento mágico” (2005), que foi adaptado para os palcos da Broadway em 2007, uma produção com apenas uma mulher em cena, a atriz Vanessa Redgrave. A morte da filha foi assunto para Didion em seu livro de memórias de 2011, “Blue nights”.
Joan Didion construiu uma carreira com três lados: a reportagem, o roteiro e a ficção. O ofício de repórter, segundo ela escreveu uma vez, a forçava a entrar na vida de outras pessoas e permitia que coletasse as informações que usava em sua ficção. “Se alguma coisa em alguma situação me incomoda, eu vou escrever sobre ela e descobrir o que é”, disse ela à “Paris Review” em 2006. O roteiro, por outro lado, era como um passatempo, um jogo de palavras cruzadas. Ela foi muito bem-sucedida nas três atividades.
Em 1970, ela e o marido, depois de pensar em uma história sobre viciados em drogas no Upper West Side de Manhattan, escreveram o roteiro de “Os viciados”, filme que deu a Al Pacino seu primeiro papel de protagonista. O segundo roteiro do casal foi uma adaptação do segundo romance de Didion, “Play it as it lays” (1970), a saga elíptica de uma jovem que dirige compulsivamente pelas estradas da Califórnia para esquecer seu casamento fracassado, um aborto e a doença mental da filha. O filme foi lançado em 1972, com Tuesday Weld e Anthony Perkins.
Foi no terceiro roteiro que Didion e seu marido acertaram o alvo. Pensando em James Taylor e Carly Simon para os papéis principais, eles re-escreveram “Nasce uma estrela”, levando a história para a era do rock’n’roll. O filme teve Barbra Streisand e Kris Kristofferson, foi um grande sucesso de bilheteria e rendeu um bom dinheiro aos autores.
O casal ainda escreveu “Confissões verdadeiras”, versão em filme do romance de 1977 de Dunne, com Robert De Niro e Robert Duvall, e “Íntimo e pessoal” (1996), trama ambientado em um telejornal, com Robert Redford e Michelle Pfeiffer.
Em seu terceiro romance, “A book of common prayer” (1977), Didion colocou a heroína, a sonhadora e fragilizada Charlotte Douglas, em um país fictício da América Central destruído por uma revolução. Esse cenário era o começo de uma série de longos artigos sobre política, frequentemente escritos para a “New York Review of Books”. Uma viagem a El Salvador, na época mergulhado na guerra civil, forneceu o material para o impressionista “Salvador (1983).
Os meandros da relação Cuba-Estados Unidos foram o assunto de “Miami” (1987), mais uma jornada pelo jornalismo pessoal, que alguns críticos começaram a achar cansativa. Onde quer que Didion fosse, ela encontrava as mesmas circustâncias: o caos, uma atmosfera saturada de ódio e situações absurdas descrita por clichês na linguagem.
“Ela sempre parece estar escrevendo à beira de uma catástrofe tão horrível que a única reação disponível é recolher-se a uma espécie de autismo”, escreveu Adam Kirsch no “New York Sun”, em 2006.
Em 2015, a editora St. Martin’s Press publicou “The last love song: uma biografia de Joan Didion”, de Tracy Daughterty. Dois anos depois, “Joan Didion: The center will not hold”, documentário produzido e dirigido por Griffin Dunn, sobrinho de Didion (filho do jornalista Dominick Dunne), foi lançado na Netflix, onde segue disponível.
Em seus últimos anos, Joan Didion abandonou a reportagem tradicional e passou a escrever uma forma de crítica cultural que se concentrava na forma como a imprensa e a televisão interpretavam certos eventos, de eleições presidenciais à agressão e estupro de uma jovem que corria no Central Park em 1989.
Vários desses ensaios foram incluídos nas coletâneas “After Henry” (1992) e “Political fictions” (2001), que tratavam dos governos de George Bush e Bill Clinton. Dois livros inéditos dela deverão sair no Brasil em 2022: a coletânea de não ficção “We tell ourselves stories in order to live” (2006) e “South and West: from a notebook” (2017), em que Didion volta aos anos 1970 para recuperar suas impressões da região do Deep South americano, para onde ela viajou com o marido em busca de reportagens para a revista “Life”, além de mais reflexões sobre a Califórnia. Seu último título, “Let me tell what you mean”, publicado este ano nos EUA, também sairá por aqui pela Harper Collins.
Sua voz permanecia a mesma: seca, sábia, às vezes cínica. Apesar da aparência frágil, ela mantinha a postura de uma mulher da fronteira, forjada pelas circustâncias extremas de seu estado natal. Ela escreveu assim em “Where I was from”.
“Se você fosse um californiano, você tinha que saber chicotear, tinha que se mostrar disposto, matar a cascavel e seguir em frente”.
Foco no romance de Neo e Trinity é mais natural do que muitos parecem achar CAIO COLETTI
Carrie-Anne Moss e Keanu Reeves em cena de Matrix Resurrections
Quando Keanu Reeves definiu o novo Matrix Resurrections, em entrevista antes do lançamento do filme, como “um filme alegre” e “uma história de amor” entre Neo e Trinity (Carrie-Anne Moss), muita gente ficou, digamos assim, desconfiada – inclusive nas redes sociais aqui do Omelete. A trilogia revolucionária dos anos 1990/2000, por um motivo ou outro, nunca é lembrada como uma história de amor, ou como uma narrativa, em última instância, esperançosa.
Ao invés disso, fãs se apegaram a outros elementos dela através dos anos: à adrenalina, à visão distópica do futuro trazida pelas Wachowski, até às correntes filosóficas que os filmes trazem, apontando para a desconstrução do sentido e da realidade no mundo contemporâneo. O que frequentemente se perde nessas discussões, no entanto, é como Matrix nunca se permite encarar essa distopia, essa desconstrução, com exaspero ou niilismo. Ao invés disso, a saga procura sempre contrapor essa visão com idealismo.
A crúcis do primeiro Matrix, de fato, já era a história de amor entre Neo e Trinity. No clímax do filme, ela confessa para um Neo desacordado uma profecia feita pelo Oráculo, prevendo que ela se apaixonaria pelo Escolhido. “Veja, então você não pode estar morto, porque eu te amo”, diz Trinity antes de beijá-lo. E é o beijo da sua amada, como o do príncipe na Bela Adormecida, que faz Neo levantar-se na Matrix após ser baleado pelo agente Smith (Hugo Weaving).
Aqui, através de sua história de amor, a saga revela a sua temática mais importante, propondo que a escolha e a crença são os poderes humanos quintessenciais, e que eles são capazes sim de alterar a própria realidade. No momento em que Trinity escolhe amar Neo (porque nós só amamos alguém, de fato, quando escolhemos amar, escolhemos não fugir do amor, nos entregar a ele), Neo escolhe acreditar, finalmente, que as leis da física, os limites de sua força, a própria morte, tudo isso é uma ilusão – e, assim, ele de fato se torna o Escolhido.
Neo é a “Bela Adormecida” de Trinity no primeiro Matrix (Reprodução)
É uma relação de causalidade complexa, alguns diriam até paradoxal. Neo sempre foi o Escolhido, e Trinity sempre esteve destinada a amá-lo, ou foi o amor de Trinity que o tornou quem ele é, pela própria virtude de fazê-lo escolher a vida, se agarrar a ela com todo o poder de sua crença? Cada uma das sequências de Matrix até hoje digladia com essa questão, mesmo porque ela encapsula muito do conflito discursivo que existe entre os fãs de Matrix no mundo real.
Para alguns desses fãs, encerrados em uma concepção de heroísmo masculino tradicional, é detrimental para o mito de Neo que ele seja definido, empoderado, salvo por sua relação com Trinity, pela força do amor entre os dois. Não combina com o estereótipo (frágil e egoísta, diga-se de passagem) do herói predestinado que – mesmo quando tem um amor – salva o mundo sozinho. Mas, como costumam fazer com outras leituras semelhantemente regressivas ou conservadoras de suas obras, as Wachowski repetidamente desconstruíram essa interpretação durante a saga.
Em Reloaded, por exemplo, é mais uma vez o amor de Neo e Trinity que protagoniza o clímax do filme, quando o personagem de Reeves escolhe salvar a vida da amada ao invés de aceitar o trato oferecido pelo Arquiteto (Helmut Bakaitis) e garantir a sobrevivência de um grupo de humanos no mundo real. Essa é a escolha que vira o jogo e provoca o Revolutions do título do terceiro filme, a criação de uma nova Matrix, de uma nova dinâmica entre humanos e máquinas, de essencialmente um novo mundo.
Isso sem nem contar que, em um ato que consagra o texto de Matrix sobre o poder salvador do amor, Neo coloca a mão dentro do peito de Trinity e toca o seu coração – literalmente – para fazê-lo voltar a bater. E, no momento climático de seu confronto final com o agente Smith, o protagonista contrapõe o discurso niilista do vilão (que define o amor como “uma construção temporária da mente humana para tentar justificar uma existência sem significado ou propósito”) com uma simplicidade brilhante: ele diz que continua lutando porque “escolhe lutar”.
Neo salva Trinity em Matrix Reloaded (Reprodução)
Resurrections reedita essa ideia de forma geniosa. O filme martela, em vários pontos diferentes, o quanto as escolhas apresentadas aos personagens não são realmente escolhas – não porque eles estejam predestinados a optar por isso ou aquilo, mas porque simplesmente é impossível escolher outra coisa que não seja… o amor. Afinal, é por causa de seu amor por Trinity que Neo entende que há algo de errado em sua vida confortável dentro da Matrix, e é por causa dela que ele escolhe a pílula vermelha novamente, libertando-se pela segunda vez.
Não só aí, mas a cada bifurcação de trama, a cada grande pulo de fé que nos pede para dar com ele, Matrix Resurrections pergunta: “Como esses personagens poderiam escolher outra coisa que não lutar pelos seus amores?”. O filme entende a épica batalha pela criação de um mundo novo, despido do cinismo e da uniformidade dos Smith’s e Analistas de plantão (uma luta que existe no filme e aqui, no mundo real), como uma que só pode ser vencida através e por causa do amor – e faz de Neo e Trinity, perpetuamente buscando motivos para acreditar um no outro, os avatares perfeitos desse amor que é o nosso superpoder.
Brega, talvez, mas as Wachowski nunca foram de fugir de uma boa breguice. E quanto mais longe a saga vai, mais difícil fica negar sua verdadeira natureza, não importa a quem isso possa desagradar.
Introducing our very own small space, our studio. Our friends and long-time collaborators architects Ben Edwards and Nancy Beka of Studio Edwards, completely redesigned our formerly open studio space, located in an existing warehouse in Collingwood, Melbourne. Introducing four modular steel pods each measuring 3.6meters deep and 2.8m wide, lined with panels of OSB timber, which can be slid back and forth to let in natural light and provide opportunities for socializing and interaction. The moveable pods create a flexible workspace and can be easily transformed, adapted or removed to suit our changing needs and requirements for the space. Filling our office is a collection of art, furniture and objects from local talented artists and designers.
Apresentando nosso próprio pequeno espaço, nosso estúdio. Nossos amigos e colaboradores de longa data, os arquitetos Ben Edwards e Nancy Beka, do Studio Edwards, redesenharam completamente nosso estúdio antes aberto, localizado em um depósito existente em Collingwood, Melbourne. Apresentando quatro cápsulas modulares de aço, cada uma medindo 3,6 metros de profundidade e 2,8 metros de largura, revestidas com painéis de madeira OSB, que podem ser deslizadas para frente e para trás para permitir a entrada de luz natural e fornecer oportunidades de socialização e interação. Os pods móveis criam um espaço de trabalho flexível e podem ser facilmente transformados, adaptados ou removidos para atender às nossas necessidades e requisitos variáveis para o espaço. Preencher nosso escritório é uma coleção de arte, móveis e objetos de artistas e designers talentosos locais.
Music: Wake Up Sleepy Head by Fadedaeon Omari by Magiksolo After the Storm by We Dream of Eden Weekend Getaway by Montythehokage At the Viewpoint by Skygaze Beautiful by Ben Potter
Produced by New Mac Video Agency Creator: Colin Chee Director/Camera Operator: Nam Tran Producer: Lindsay Barnard Editor: Colin Chee/Jessica Ruasol
O site FFW escolheu os 10 principais fatos e acontecimentos da moda nacional e internacional que definiram o conturbado ano de 2021, marcado por um retorno das atividades presenciais, a retomada das vendas após um longo período de lojas fechadas, desfiles triunfais e algumas perdas irreparáveis que ficarão em nossas lembranças por seus legados.
O CENTENÁRIO DA GUCCI
Este foi o ano da Gucci. A marca celebrou seu centenário com uma série de ações e lançamentos marcantes, entre eles a união, ou hacking da marca com a Balenciaga que ganhou o nome de The Hacker Project e foi eternizada nos cinemas com o filme Casa Gucci, estrelado por Lady Gaga e grande elenco.
O RETORNO TRIUNFAL DA BALENCIAGA À ALTA COSTURA
Após mais de cinco décadas sem produzir Alta-Costura, foi Demna Gvasalia o responsável trazer de volta à marca à couture, em um show cheio de nostalgia, looks poderosos, uma primeira fila escolhida a dedo que pôde vivenciar o grande momento de moda do ano.
ZENDAYA SE TORNOU UM ÍCONE FASHION
Se já estávamos de olho em Zendaya desde a primeira temporada da serie Euphoria (2019), neste ano, com o auxílio de seu stylist Law Roach, a jovem atriz se consolidou como um ícone fashion, sempre servindo momentos de moda por todos os tapetes vermelhos que cruzou até ser consagrada com o prêmio “Fashion Icon” no CFDA Awards.
A MODA ENTROU NO METAVERSO
À todo tempo, a moda digital e a tecnologia foram pautas durante 2021, marcado como o ano em que a moda ingressou de cabeça no metaverso. Além de games, skins, marcas de moda digital, realidade aumentada e virtual, as gigantes do mercado também realizaram grandes investimentos no tal metaverso.
NOVOS GRUPOS DE MODA BRASILEIROS SE CONSOLIDAM
FARM EM NYC | REPRODUÇÃO
Aos moldes de outras grandes holdings internacionais como LVMH e Kering, o Grupo SOMA e a Arezzo Co. realizaram uma série de aquisições de marcas de moda e se consolidaram como os dois principais grupos do segmento do Brasil. Com destaque para a Farm, do Grupo Soma (Animale, Cris Barros, Hering), em franca expansão internacional já com lojas nos EUA e previsão de chegada à Paris em 2022.
O RETORNO DOS GRANDES EVENTOS DE MODA
RIHANNA E ASAP ROCKY NO MET GALA | REPRODUÇÃO
Com o atenuamento (e não fim) da pandemia, finalmente foi a vez dos grandes eventos de moda voltarem a acontecer presencialmente. A London Fashion Week seguiu em seu modelo híbrido, com alguns dos principais nomes emergentes do mercado; a Paris Fashion Week se mostrou, mais uma vez fortalecida, atraindo os mais importantes designers e marcas, com muitos retornos à capital francesa; A semana de Milão reviveu e relembrou a tradição italiana com shows majestosos e a New York Fashion Week prometeu um retorno triunfal para abrir o mês da moda, mas acabou ficando sem fôlego ao final da semana. Além disso, o evento que foi cancelado logo antes da pandemia, o MET Gala, também retornou após a NYFW, com o tema de Moda Americana.
KANYE WEST, KIM KARDASHIAN E DEMNA GVASALIA
KIM KARDASHIAN E DEMNA GVASALIA NO MET GALA | REPRODUÇÃO
Kanye West, Kim Kardashian e Demna: três figuras controversas mas que definitivamente marcaram o ano na moda. A parceria entre Kanye West e Demna para a divulgação do DONDA foi grandiosa e se estendeu para uma parceria com Kim Kardashian, que resultou em inúmeros momentos de moda, incluindo sua aparição no MET Gala. Como resultado, a Balenciaga terminou o ano como a marca de moda de mais desejada, principalmente entre a Gen Z.
A GRANDE VIRADA DA SPFW
DESFILE DE LENNY NIEMEYER NA SPFW N52
Após ameaças de cancelamento e em meio às discussões sobre a real necessidade e relevância dos desfiles presenciais, a São Paulo Fashion Week 52 aconteceu em novembro no formato phygital e conseguiu dar uma grande virada baseada na inclusão de novas vozes entre os nomes do line up, com a edição mais diversa de sua história, nas passarelas e nos corredores do evento.
O DESFILE DA MILE LAB
A ESTILISTA MILENA LIMA, AO FINAL DO DESFILE DA MILE LAB NA SPFW N52. FOTO: ZE TAKAHASHI/ FOTOSITE
Ao mesmo tempo em que a SPFW trouxe uma semana de moda mais inclusiva, vozes como a de Milena Lima, da Mile Lab, nos mostram que ainda há muito caminho há percorrer. Em seu desfile-manifesto no evento, a Mile Lab questionou a moda nacional e o apoio que estilistas periféricos recebem em um discurso que emocionou todos os presentes.
PERDEMOS GRANDES NOMES DA MODA
ELSA PERETTI, VIRGIL ABLOH E ALBER ELBAZ
Neste ano, a moda ficou em luto. A moda internacional perdeu grandes nomes, que apesar de não mais estarem em vida, permanecem vivos com seu legado, como Elsa Peretti, Alber Elbaz e Virgil Abloh.
Em julho, o ator fechou acordo judicial de US$ 2,2 milhões após ser processado por estudantes da escola de atuação dele, Studio 4 O Globo e agências internacionais
O ator e diretor James Franco, posou com o adesivo do movimento Time’s Up no Globo de Ouro e gerou reação de atriizes que disseram ter sido abusadas por ele Foto: Frazer Harrison / AFP
NOVA YORK — Três anos após ser acusado de assédio sexual, o ator James Franco admitiu que teve relações sexuais com alunas de sua extinta escola de atuação, a Studio 4, em Nova York, nos Estados Unidos. Durante entrevista no podcast The Jess Cagle, divulgada nesta quarta-feira, ele disse que enquanto foi professor, “dormia com as alunas, e isso era errado”.
O artista disse ainda que “está se recuperando do vício em sexo desde 2016” e que “vem trabalhando muito e mudando quem era” após as acusações.
— Suponho que, na época, meu pensamento era: ‘Se é consensual, OK — disse.
A atriz Sarah Tither-Kaplan foi uma das primeiras a se pronunciar sobre, quando contou no Twitter que Franco a fez se despir totalmente em dois de seus filmes. Na ocasião, o ator teria argumentado que a nudez não era exploração porque a colega havia assinado um contrato. Violet Paley também contou na mesma rede social que Franco expôs o pênis e empurrou a cabeça dela em direção ao órgão. Os dois estariam juntos em uma viagem de carro.
Uma ação coletiva foi movida na Justiça de Los Angeles em 2019, alegando que o artista abusava das vítimas se aproveitando de sua posição e oferecendo oportunidades de papéis em seus filmes. No processo, as alunas se disseram vítimas de uma fraude, por pagarem pela escola de teatro enquanto eram objetificadas e intimidadas. Em julho deste ano, ator fechou acordo judicial de US$ 2,2 milhões (R$ 12,44 na cotação atual) com as vítimas.
Tom Holland e Mark Wahlberg estrelam longa previsto para 17 de fevereiro JULIA SABBAGA
Uncharted: Fora do Mapa, adaptação do jogo de videogame estrelada por Tom Holland e Mark Wahlberg, teve um novo trailer revelado, focando na aliança e rivalidade entre os protagonistas. Confira a versão legendada acima e a prévia dublada abaixo:
A adaptação live-action dos games da Naughty Dog mostrará os primeiros dias de Nathan Drake (Holland) e não deve seguir nenhuma história mostrada nos jogos. O elenco conta ainda com Wahlberg, Antonio Banderas e Tati Gabrielle.
O filme de Uncharted passou por um ciclo de atrasos e troca de diretores há algum tempo, e as filmagens finalmente aconteceram entre julho e outubro de 2020. Antes, o filme seria lançado em julho nos Estados Unidos, mas foi recentemente adiado para 11 de fevereiro de 2022.
No Brasil, Uncharted: Fora do Mapa estreia em 17 de fevereiro de 2022.