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Morre o presidente da Samsung, Lee Kun-hee, aos 78 anos

Empresário, que estava hospitalizado, passou por cirurgia em 2014 após um ataque cardíaco e se recuperou nos anos 90 de um câncer de pulmão

O presidente da Samsung, Lee Kun-hee, morreu aos 78 anos.

SEUL – O presidente da empresa de tecnologia SamsungLee Kun-hee, morreu neste domingo, 25 (horário local), informou a companhia da Coreia do Sul. O empresário tinha 78 anos e faleceu ao lado da família, incluindo seu filho, o vice-presidente da Samsung, Jay Y. Lee.

De acordo com o comunicado da empresa, Kun-hee estava hospitalizado. Apesar de a causa exata da morte não ter sido informada, ele passou por cirurgia em 2014 após um ataque cardíaco, que deixou sequelas, e se recuperou nos anos 90 de um câncer de pulmão. A empresa não quis comentar se Kun-hee deixou testamento.

Kun-hee, o terceiro filho do fundador da Samsung, Lee Byung-chul, ajudou a transformar o negócio de seu pai no maior conglomerado sul-coreano. “O presidente Lee foi um verdadeiro visionário que transformou a Samsung em líder mundial de inovação e potência industrial. Sua declaração de ‘Nova Administração’ em 1993 foi a motivação para a visão da empresa de fornecer a melhor tecnologia para ajudar no avanço da sociedade global”, disse a Samsung. “Seu legado será eterno.”

Desde que assumiu a liderança, ele acompanhou a transição da Samsung como fabricante de televisores rumo à maior produtora de smartphones e chips de memória. Com isso, o magnata virou o dono da maior fortuna da Coreia do Sul, estimada em mais de US$ 20 bilhões, de acordo com a Forbes. / REUTERS e EFE

As cores e estampas da The Paradise inspiram uma moda livre de amarras

As cores e estampas da The Paradise inspiram uma moda livre de amarras
Alice Ferraz, O Estado de S.Paulo

O Paraíso é aqui. Marca, conhecida pelo animal print, traz a borboleta como símbolo de renovação e aposta no produto feito no País  Foto: Darwin Campos/Divulgação

Sob o nome The Paradise, a marca de espírito carioca dos criadores Thomaz Azulay e Patrick Doering já nasceu livre, pautada pelo surrealismo e pela exuberância. Criada em 2015 com um forte DNA de estampas autorais e modelagens soltas, a grife surge como uma representante da moda brasileira que valoriza a alegria de viver. “Para nós, a marca é um grito de liberdade que cai muito bem nesse momento. As roupas são uma forma de expressão absoluta”, contam Azulay e Doering sobre suas criações durante a pandemia.

“Especulamos muito ao longo da quarentena sobre qual seria a moda que viria no pós-pandemia. Seria apenas confortável, minimalista? Acreditamos que não seja o caso. Cada ocasião está sendo tão importante, estamos dando tanto valor a momentos que antes passavam despercebidos. Queremos estar bonitos para viver esses momentos, mas sem amarras”, complementam.

A nova coleção, que é resultado de um sonho tropical, está desembarcando em multimarcas pelo Brasil e no e-commerce de abrangência nacional da The Paradise. Chamada Perdidos no Paraíso, a nova linha é marcada por uma energia vibrante. A borboleta, símbolo máximo de renovação, ganha destaque e vem acompanhada por estampas botânicas e animal prints já característicos da marca. “A natureza sempre foi a maior fonte de inspiração do homem. Por vezes, até esquecemos o quanto somos parte dela. Nessa ilha paradisíaca encontramos espécies deslumbrantes – de felinos, cujas estampas de animais vencem qualquer pretinho básico e aves e borboletas multicoloridas que ofuscam qualquer bordado”, diz o texto que explica o conceito das peças.

A coleção, que é a décima da marca, reforça a visão orgânica que seus criadores têm da moda, imagem que ambos compartilham com orgulho e que se encaixa com perfeição nos tempos atuais. “É um certo desarmamento, a moda antes era sobre se proteger atrás de códigos que nem sempre refletem o que você é, não viramos ciborgues, cada vez mais queremos o avesso disso, queremos o humano. Tudo o que aconteceu veio para limpar um monte de ideias preconcebidas ”, comentam.

Pode-se dizer que o desejo de liberdade de expressão é algo que vem de berço para Thomaz. O diretor criativo da grife é filho de Simão Azulay, um dos maiores nomes da moda carioca nos anos 1980 com a sua Yes, Brazil, marca que, assim como a The Paradise, nasceu de uma expressão máxima do tropicalismo e surgiu como um grito de liberdade na moda brasileira. Uma vanguarda estética de pura brasilidade que atualmente inspira, desperta desejo e se adapta aos novos tempos. “No início da pandemia lançamos nossas máscaras com a mesma estampa das roupas , queremos trazer a essência da brasilidade em todos os nossos produtos.”

Criada em um dos paraísos tropicais mais conhecidos do mundo, o Rio de Janeiro, a The Paradise carrega para o futuro a chama de valorização do trabalho e das cores do nosso País: “Sempre buscamos mão de obra 100% feita no Rio, e vamos manter isso, é importante para a marca valorizar a cadeia produtiva local. A sociedade está em um momento de rever conceitos e valorizar o feito no Brasil”, concluem.

‘Mudar a Constituição é simbólico, mas o que queremos é a queda do patriarcado’, diz coletivo chileno que criou hino feminista contra estupro

Quase um ano depois de ganharem o mundo com a canção de protesto ‘Um violador em seu caminho’, integrantes do coletivo Lastesis falam sobre plebiscito que irá decidir se uma nova Constituição será elaborada no Chile e o reconhecimento da revista ‘Time’, que incluiu o grupo na lista das 100 personalidades mais influentes do ano
Leda Antunes

‘O estuprador é você’, diz o refrão da canção de protesto que viralizou há um ano e apareceu em manifestações de mulheres em mais de 50 países Foto: Getty Images

“A culpa não é minha, nem de onde estava, nem do que vestia. O estuprador é você.” Há um ano, estes versos, combinados com uma coreografia enfática, começaram a rodar o mundo e se tornaram um hino feminista, contra o patriarcado e a cultura do estupro, entoado em manifestações de mulheres em mais de 50 países. A repercussão e a catarse foi tamanha que, no mês passado, o coletivo de artistas chilenas Lastesis, que criou a intervenção “Um violador em seu caminho”, apareceu na lista das 100 personalidades mais influentes de 2020 da revista “Time”. 

Daffne Valdés, Sibila Sotomayor, Paula Cometa e Lea Cáceres são as mentes por trás do Lastesis. Elas vivem em Valparaíso, cidade litorânea a 120 km de Santiago. A intenção do grupo, fundado há dois anos e meio, é denunciar a violência contra a mulheres e expor teses feministas por meio de intervenções artísticas. Depois da explosão do hino feminista nas ruas do Chile e do mundo no ano passado, elas contam que, nos últimos meses, em função das medidas de isolamento impostas pela pandemia, concentraram seu trabalho em intervenções nas redes sociais.

Um dos trabalhos feitos durante a quarentena gerou um processo criminal aberto pela polícia de Valparaíso, que acusou as quatro integrantes do grupo de incitar a violência contra os agentes da instituição. O caso gerou uma mobilização internacional e o coletivo recebeu apoio da ONU e até de atrizes de Hollywood, que assinaram uma carta aberta pedindo que o processo seja arquivado.

Daffne Valdés, Sibila Sotomayor, Lea Cáceres e Paula Cometa, fundadoras do coletivo feminista Lastesis, que criou a performance 'Um violador em seu caminho' Foto: Rodrigo Garrido / Reuters
Daffne Valdés, Sibila Sotomayor, Lea Cáceres e Paula Cometa, fundadoras do coletivo feminista Lastesis, que criou a performance ‘Um violador em seu caminho’ Foto: Rodrigo Garrido / Reuters

As fundadoras do Lastesis também estão mobilizadas para apoiar a aprovação da elaboração de uma nova Constituição no Chile. No próximo domingo (25), a população chilena participa de plebiscito para votar se aprova a redação de uma nova carta magna para substituir a vigente, feita durante a ditadura de Augusto Pinochet. Mas as artistas, que preferem responder como grupo, ressaltam:

— Acreditamos que é necessária essa mudança constitucional, sabemos que as mudanças também ter que ser feitas através de políticas públicas. Mas o que aspiramos, como coletivo, é a queda do patriarcado.

CELINA: Depois de um ano de protestos, a população chilena participa de um plebiscito em que votarão se aprovam ou rejeitam a elaboração de uma nova Constituição. Como veem esse momento?

LASTESIS: Reconhecemos a importância desse processo histórico e esperamos que seja aprovada a elaboração de uma nova Constituição para deixarmos de viver em um país regido por uma Constituição que prioriza o mercado em detrimento da vida das pessoas, elaborada em uma ditadura civil-militar. Mas não deixa de nos preocupar o fato de que a demanda do povo, que está nas ruas desde outubro do ano passado, e mesmo antes disso, era de uma assembleia constituinte. O acordo que foi pactado com os partidos políticos e o governo foi esse plebiscito. Primeiro vão consultar se as pessoas querem mudar a Constituição e, depois, de que maneira querem que isso seja feito, dando a opção de uma convenção mista, com participação de parlamentares em exercício, em vez de uma assembleia constituinte convencional composta por representes eleitos pelo povo para isso.

Isso não deixa de ser um ruído. O povo é ouvido pela metade e se tenta, através da burocracia, conservar os privilégios e o poder da classe política, que corresponde à classe mais alta do nosso país. O que estamos pedindo, e o que precisamos fazer para deixar para trás essa nefasta Constituição, é que ela seja redesenhada desde as bases. O fato de se colocar em votação se queremos ou não mudar essa Constituição nos parece um pouco violento, mas acreditamos que essa é via que temos agora e evidentemente vamos votar para a aprovação.https://imasdk.googleapis.com/js/core/bridge3.418.3_pt_br.html#goog_73129062903:56/03:56Milhares de chilenas se reuniram sexta-feira (30) em Santiago e em outras cidades do país para cantar ‘El violador eres tú’, com coreografia ensaiada. Grupos menores de ativistas aderiram ao protestos em outras cidades pelo mundo, como Paris e Barcelona. Nas redes sociais, o movimento emocionou muita gente e rendeu milhares de comentários

Vocês temem que a população seja excluída da construção dessa nova Constituição, caso isso seja aprovado no plebiscito?

Esperamos que o povo seja parte e que saia vitoriosa a opção pela convenção constituinte, não a convenção mista, que é a mais parecida com uma assembleia constituinte, no qual todas, todos e todes os representantes serão eleitos pelo povo. Essa é a maneira de participação mais ativa, a partir das ferramentas possíveis da política institucional. A participação do povo também seguirá sendo ativa nas ruas. As pessoas não saíram das ruas, a presença apenas diminuiu em função da crise sanitária, mas não acabou.

Na semana passada, vocês convocaram um ato em que simbolicamente celebraram a morte da Constituição vigente. Por que é preciso ‘enterrar’ essa Constituição?

A intervenção tinha como propósito comemorar um ano do levante popular no Chile. Essa Constituição é um mecanismo político e institucional de opressão e validação do sistema social, econômico e político que é o neoliberalismo e tem origem na ditadura. É um documento simbolicamente muito forte. A gênese dessa Constituição perpetua o legado da ditadura, dos desaparecimentos, da tortura. Por isso é tão importante, simbolicamente, abandonar este legado. E o que aconteceu no último ano, no Chile, foi um colapso dessa Carta Magna que valida a propriedade privada e considera a vida humana como de segunda categoria. Isso já não é mais válido para o povo.

Também se soma a isso, o fato de ser a semana do 12 de outubro [dia que marca a chegada de Cristóvão Colombo às Américas]. De um ponto de vista decolonial, decidimos lançar ao mar todo o legado de uma sociedade patriarcal e colonial e assim levamos cartazes com distintos conceitos que consideramos que precisamos abandonar, colocamos em um barco para serem levados ao alto mar e não voltarem nunca mais. Foi muito simbólico. É preciso enterrar a Constituição, mas muito mais do que isso. Há um legado colonial e patriarcal, que vem desde este encontro de dois mundos, que precisa ser deixado para trás.

Integrantes do coletivo Lastesis convocam manifestação para defender nova Constituição para o Chile e 'enterrar' carga magna elabora nos anos de ditadura Foto: ADRIANA THOMASA / AFP
Integrantes do coletivo Lastesis convocam manifestação para defender nova Constituição para o Chile e ‘enterrar’ carga magna elabora nos anos de ditadura Foto: ADRIANA THOMASA / AFP

E o que deve haver na nova Constituição, de um ponto de vista feminista?

Para essa nova Carta Magna, a perspectiva deve ser feminista, porque o feminismo, em sua essência, busca o bem comum. A discussão da paridade de representatividade, que assim como em outros países, está em crise no Chile, é algo que deve chamar a atenção quando se formar a convenção constituinte, para que efetivamente todos os setores da sociedade sejam representados. Aqui somamos não só os problemas de gênero, mas das pessoas indígenas, afrodescendentes, e de todos os grupos chamados de minorias sociais que, no fim das contas, são maioria frente a este paradigma masculino heterocisgênero.

Mas nós aspiramos mudanças de base, mais profundas. Acreditamos que é necessária essa mudança constitucional, sabemos que as mudanças também ter que ser feitas através de políticas públicas. Mas o que aspiramos, como coletivo, é a queda do patriarcado. O problema está, na verdade, nessa grande estrutura. É um problema de base que ultrapassa as fronteiras do Chile, está no Brasil, no resto do mundo. Enquanto se perpetuar essa estrutura, vão continuar existindo diversas formas de opressão não só de gênero, mas também de raça, de classe, de sexualidade.

Quais outras formam existem e que vocês têm encontrado para tentar derrubar o patriarcado?

Para nós, é a arte. Decidimos que nossa estratégia, nosso lugar, nossa trincheira, é a arte. E também o próprio corpo. Poder decidir sobre o nosso corpo como pessoas que engravidam, por exemplo, é fundamental. Neste país, o aborto não é uma opção a menos que tenha havido uma violação ou risco de vida para a mulher. A educação sexual integral tampouco é garantida. Há corpos que não são reconhecidos como sujeitos de direito. Coisas básicas, como a saúde, a educação, a habitação são vistas como bens de consumo. Então a base de todas as transformações são as organizações sociais, que levantam essas demandas e fazem pressão nas ruas para conquistar mudanças. Nunca foi feito de outra maneira, pelo menos até agora. Todas as mudanças foram conquistadas pela luta das pessoas. Nada disso foi proposto pela política institucional e pelo governo.PUBLICIDADE

Qual será a atuação do Lastesis daqui para frente, após o plebiscito?

Não estamos focando num trabalho vinculado à Constituição. Esse é um tema que é importante, mas não focamos nisso. As transformações que são necessárias são culturais. Nosso objetivo está aí, ao visibilizar teorias feministas e levantar demandas desde o feminismo para gerar transformações profundas.

Há quase um ano a canção de protesto “Um violador em seu caminho” viralizou e rodou o mundo. O coletivo se tornou uma referência ao ponto de vocês serem escolhidas pela revista ‘Time’ como personalidades mais influentes do ano. Como veem essa repercussão mundial?

Essa repercussão é importante para o feminismo. A canção e a performance vêm dos grandes movimentos de mulheres que nos últimos anos ocuparam as ruas. Há uma necessidade e um impulso, não somente aqui, mas mundial, de acabar com as opressões milenares do patriarcado e das estruturas coloniais. As mulheres suportaram essas opressões em seus corpos por muito tempo. Esse reconhecimento internacional é ao movimento feminista e à capacidade que temos de lutar com a única arma de que dispomos, que é o nosso corpo, em coletivo, sem esperar nada mais que o bem comum.

Também é importante o fato de que isso se situa no Sul do mundo, não nasce do Ocidente e nem dos países que são potências econômicas ou referências culturais, mas de uma região precarizada, de um território que não é a capital do nosso país. Essa performance, que responde a demandas locais, conseguiu transcender fronteiras e gerar essa onda planetária de mulheres e dissidências unidas nessa luta.

Para nós, a escolha da ‘Time’, também demonstra o paradoxo estranho que é a vida. Aparecemos em uma revista que tanto ressalta o capitalismo e a individualidade. Nós somos um coletivo. Isso é bizarro e até engraçado. Quando dizem que um coletivo de arte está entre as personalidades mais influentes do mundo pensamos que o mundo pode mudar.

Esse reconhecimento pode ser um sinal de que as coisas estão mudando ou de que o neoliberalismo está se apropriando desse discurso?

O capitalismo neoliberal tem essa capacidade de se apropriar de tudo como um produto. Mas, ao mesmo tempo, em um tempo de alta globalização como o que vivemos, o nosso trabalho não seria possível sem essa conectividade e a capacidade de imediatismo das redes sociais para difundir esse conteúdo. Sempre há o risco de isso ser absorvido por e para outros fins que não aqueles que pretendemos. Mas é um risco que temos que correr. E reforçamos que não fomos as primeiras a fazer isso.

Na nossa performance, nos reapropriamos dos nossos corpos, que historicamente são territórios de exploração, os transformando em ferramenta de luta e resistência em vinculação com a arte. Acreditamos nisso. E fazemos parte de uma tradição histórica de mulheres e dissidências que lutaram com seu corpo e seguem lutando.

Se de alguma maneira o que nós dizemos conseguiu unificar e alçar essas demandas a um nível global, isso é, sem dúvida é maravilhoso. Mas, ao mesmo tempo, também é preocupante, porque nos demonstra que o problema está por toda parte, porque o patriarcado está por toda parte. Então temos a convicção de que, apesar de todos os riscos que podem haver, essas são as ferramentas de luta que temos e vamos seguir ocupando esses espaços. E esperamos que todas e todes em seus territórios possam seguir fazendo o mesmo.

Grupo de mulheres defende aprovação de mudanças na Constituição chilena, estabelecida na ditadura do general Augusto Pinochet, em protesto no centro de Santiago, capital do país. Neste domingo (25), população votará em plebiscito para decidir se carta magna será alterada Foto: CLAUDIO REYES / AFP
Grupo de mulheres defende aprovação de mudanças na Constituição chilena, estabelecida na ditadura do general Augusto Pinochet, em protesto no centro de Santiago, capital do país. Neste domingo (25), população votará em plebiscito para decidir se carta magna será alterada Foto: CLAUDIO REYES / AFP

Nesse meio tempo vocês também foram denunciadas pela polícia chilena por “incitação a violência” contra a instituição. Como receberam essa notícia?

Para nós, isso beirou o absurdo. Fomos denunciadas quando o Chile já estava vivendo a crise sanitária há alguns meses. Havia pessoas nas ruas denunciando que estavam passando fome. E, logo nesse momento, eles escolhem nos denunciar, um coletivo de quatro mulheres artistas de Valparaíso. Para nos castigar, por um lado, porque saímos do nosso lugar de subordinação. Mas também para castigar todas as pessoas que decidem ir para as ruas se manifestar. Tomamos essa denúncia como um ataque coletivo bastante violento, que só reforça a violência institucional contra mulheres e dissidências.

O processo segue na mesma. Estão investigando, compilando evidências contra nós. Não temos mais novidades. O processo segue aberto, existe, e é real. Não sabemos no que pode dar. Por sorte contamos com apoio jurídico voluntário. Por outro lado, é curioso o desgaste que significa para o Estado e a importância que acabam nos dando ao nos denunciar. Eles tratam o que fazemos com a arte como algo tão violento como as violências concretas que eles vem cometendo contra o povo chileno historicamente.

Confira a lista de filmes e séries que chegam na Netflix em novembro

Como já é tradição, a Netflix revelou quais filmes e séries chegarão ao seu catálogo em novembro. Na parte de filmes teremos a clássica trilogia de Matrix, a sequencia Jurassic World: Reino Ameaçado, além dos originais natalinos: Crônicas de Natal e A Princesa e a Plebeia.

Na parte de seriados, o destaque fica para a quarta temporada de The Crown, que conta a história daFamília Real britânica nos anos 1970.

Confira a lista completa:

01 de Novembro

  • The Good Detective
  • O Aviador
  • Uma Pousada de Presente
  • Trilogia Matrix
  • Natal Sob Medida
  • O Natal de Heidi
  • Um Natal de Descobertas
  • Lista de Desejos de Natal
  • Barbie Dreamhouse Adventures: Roberts Arrasando!

02 de Novembro

  • A Casa Caiu: Um Cassino na Vizinhança

05 de Novembro

  • Paranormal
  • Bob Esponja: O Incrível Resgate
  • Missão Presente de Natal
  • Quem Matou María Marta?

09 de Novembro

  • Operação Ecstasy: Temporada 2

10 de Novembro

  • Dash & Lily
  • Zé Coleta
  • Luccas Neto em: O Mapa do Tesouro

11 de Novembro

  • The Liberator
  • Nasce uma Rainha

12 de Novembro

  • Jurassic World: Reino Ameaçado

13 de Novembro

  • Os Favoritos de Midas
  • Rosa e Momo
  • Uma Invenção de Natal

15 de Novembro

  • The Crown: Temporada 4
  • O Sono da Morte
  • Marshall: Igualdade e Justiça
  • Tempestade: Planeta em Fúria
  • Ela Dança, Eu Danço

17 de Novembro

  • Inacreditável Esporte Clube
  • O Chefinho – De Volta aos Negócios: Temporada 4

18 de Novembro

  • O Sabor das Margaridas: Temporada 2
  • Casa Pronta para o Natal

19 de Novembro

  • A Princesa e a Plebeia – Nova Aventura

20 de Novembro

  • Nasce uma Rainha
  • O X do Natal
  • A Origem do Sabor

22 de Novembro

  • Natal com Dolly Parton
  • Scott Pilgrim Contra o Mundo

23 de Novembro

  • Marte: Temporada 2
  • Shawn Mendes: In Wonder

24 de Novembro

  • O Caderno de Tomy
  • Era Uma Vez um Sonho
  • Dragões: Equipe de Resgate: Dia de festa em Huttsgalor

25 de Novembro

  • Crônicas de Natal: Parte Dois
  • Great Pretender: Temporada 2

26 de Novembro

  • Mosul

27 de Novembro

  • Virgin River: Temporada 2
  • Um Natal Nada Normal
  • Sugar Rush de Natal: Temporada 2
  • Vozes
  • A Fera
  • Sonhar e Dançar – O Quebra-Nozes de Chocolate
  • Cory Carson e o Natal

Pequenas marcas de cosméticos dão exemplo sustentável de ponta a ponta

Desde a escolha da matéria-prima, de fontes renováveis, até a entrega do produto, para garantir destino das embalagens, empreendedores veem alta nas vendas com busca por mais saúde na pandemia
Bianca Zanatta, O Estado de S.Paulo

AhoAloe
Larissa Pessoa e Rodrigo Lanhoso, fundadores dessa marca AhoAloe, de produtos naturais, que acaba de abrir loja em Pinheiros. Foto: Felipe Rau/Estadão

Óleo corporal de calêndula para problemas de pele e inflamações, suavizador vegano de olheiras com alecrim e olíbano, água micelar orgânica com extrato de aloe vera, gel dental com carvão vegetal, óleo de hortelã-pimenta e tea tree. Se poucos anos atrás produtos naturais como esses pareciam incomuns e difíceis de encontrar no mercado, hoje eles estão cada vez presentes nas prateleiras de banheiro e mesas de cabeceira do consumidor brasileiro. 

De acordo com um levantamento feito em janeiro de 2019 pela consultoria Grand View Research, o Brasil já é o principal mercado de cosméticos orgânicos e naturais da América Latina. A previsão é que esse nicho movimente mundialmente US$ 25,11 bilhões até 2025. E a preocupação vai muito além da beleza e dos benefícios para o corpo.

O estudo Global Consumer Trends 2019 apontou que o consumo responsável e a redução de plástico são duas das principais tendências para as próximas décadas, de olho numa retomada verde da economia. O consumidor está mais criterioso e atento ao impacto dos cosméticos na própria pele e no ambiente.

Pequenas marcas sustentáveis têm surfado a onda da mudança nos hábitos de consumo, com a preocupação de desenvolver um ciclo ambientalmente responsável em cada etapa do processo, da escolha de matéria-prima (com itens renováveis e menos química, como os citados no começo desta reportagem) ao descarte adequado da embalagem.

“É nítida uma movimentação, principalmente do público millenial (geração Y, nascidos entre 1981 e 1996), tanto nas redes sociais quanto no nosso e-commerce, interessado em nossas iniciativas, posicionamento e produtos”, relata a empreendedora Caroline Villar, fundadora da Souvie, que cria cosméticos orgânicos para todos os ciclos da vida.

Com a chegada da pandemia, a marca teve que fechar os quiosques de shopping, mas observou um aumento significativo nas vendas por meio do site. “O que nós percebemos é que o consumidor, no período de isolamento social, voltou o olhar aos seus cuidados e rituais de beleza, começou a questionar os ingredientes das fórmulas e ver quais eram as composições dos cosméticos que usa.”

A escolha de matérias-primas e fornecedores da Souvie é feita de acordo com uma lista fornecida pela certificadora Ecocert Greenlife. As embalagens e frascos são de alumínio ou vidro e a empresa participa do programa “Dê a mão para o futuro” da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), que recicla materiais na mesma proporção em que saem da fábrica, beneficiando cooperativas e catadores de papel. 

Em relação aos dejetos fabris, foi construída uma estação de tratamento dos efluentes que vêm da lavagem dos reatores. “Como a grande maioria das nossas matérias-primas é de origem vegetal e natural, conseguimos tratar todo esse efluente lá mesmo e isso volta já tratado para a rede pública de esgoto”, explica Villar. 

PET biodegradável 

Com as vendas direcionadas principalmente a lojas especializadas, a AhoAloe, fabricante de cosméticos naturais, orgânicos e veganos à base de aloe vera, teve que mudar a estratégia durante a pandemia do coronavírus para alavancar as vendas no site. Em junho, os pedidos online já tinham crescido 700% e o faturamento saltou 200% entre junho e agosto. 

Assim que o comércio pôde reabrir, o casal de sócios Larissa Pessoa e Rodrigo Lanhoso inaugurou sua primeira loja física em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. A dupla prevê um crescimento de 500% nas vendas até o final do ano.

Certificada pelo IBD, a marca usa garrafas e frascos de PET reciclado e biodegradável, que não gera resíduo ou intoxica o ambiente durante a decomposição. “Esse material recebe o complemento de uma enzima pró-degradante derivada do óleo de coco da palmeira”, afirma Larissa. “Nas condições ideais, a biodegradação total é alcançada de 4 a 10 anos depois e os subprodutos gerados, como água, gás carbônico e biomassa, são reintegrados à terra como fertilizante.” 

Eles têm também o selo da eureciclo, certificadora oficial do Sistema de Logística Reversa do Estado de São Paulo, que faz a compensação dos resíduos plásticos colocados pela marca no mercado pagando de maneira justa cooperativas de reciclagem.

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Produtos da marca Ahoaloe, marca de cosméticos orgânicos, naturais e veganos.  Foto: Felipe Rau/Estadão

O desafio maior, de acordo com a empresária, é atender a todas as exigências legais, logísticas, operacionais e tributárias que envolvem a fabricação e distribuição de cosméticos naturais. “Sabemos, vivemos e superamos diariamente os desafios de ter uma indústria 100% legalizada e certificada para a produção”, diz, ressaltando que a fábrica possui todas as licenças para funcionamento.

Legalização e economia inteligente

“As exigências da Anvisa com relação à legislação são bem rigorosas, além de caras e demoradas”, afirma a química Letícia Souza, fundadora da mineira Vegah, que tem um laboratório próprio e já iniciou o processo de regulamentação dos primeiros produtos no órgão.

Com a expectativa de lançar oito novos cosméticos nos próximos meses e crescer 30% até março de 2021, a marca tem o selo eureciclo, usa somente matéria-prima de origem vegetal e fez parceria com uma empresa júnior da Universidade Federal de Uberlândia para o tratamento dos resíduos gerados na produção.

Outra que pratica sustentabilidade de ponta a ponta é a vegana Oleum Artesanal, com linhas completas de skincare, produtos para corpo e cabelos e proteção solar. “Priorizamos ingredientes brasileiros, de pequenos produtores, empresas referência em desenvolvimento sustentável e com responsabilidade ambiental”, conta a fundadora Renata Porto. 

Além de ter selo eureciclo, a marca buscou uma cooperativa para fazer o descarte correto dos resíduos da manipulação e dá especial atenção à economia de água. “Criamos uma miniestação de tratamento para possibilitar o reúso da água para a limpeza dos equipamentos de laboratório”, conta. “Mas o mais importante é conscientizar o nosso colaborador da importância de não haver desperdício em nenhuma etapa da produção.”

Ela também sublinha a necessidade de as autoridades terem outro olhar para o processo de legalização, principalmente no que se refere ao produtor artesanal. “Esse olhar já acontece na Europa, com o intercâmbio entre os órgãos reguladores e o produtor”, exemplifica.

Ajuda para destinar os resíduos

Liderada pelos empreendedores Fábio Silva e Maria Thereza Alpoim, a Reciclo Beleza Sustentável nasceu para ajudar as marcas de saúde e beleza, perfumaria e cosméticos a dar uma destinação ambientalmente adequada às embalagens e resíduos pós-consumo. Por meio da parceria com cooperativas de coleta seletiva da região metropolitana de São Paulo, em especial nos territórios da zona leste e da zona sul da cidade, a empresa faz a coleta, a triagem e a comercialização dos resíduos. 

Além de ajudar a ampliar a renda e a sustentabilidade financeira das equipes de catadores e cooperados, a empresa possui uma certificação e um selo que atestam que as marcas estão comprometidas com a questão ambiental. “As marcas de cosméticos naturais, orgânicos ou veganos são as mais interessadas, pois já nascem com este DNA de sustentabilidade e preocupações ambientais”, afirma Silva. 

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Produtos da Ervaria das Luas, marca que estimula clientes a reutilizarem os frascos de vidro dos óleos. Foto: Rafael Mollica

Sustentabilidade ambiental e social

Do cultivo ancestral de rosas iniciado pelo avô da educadora e empreendedora Estefânia Verreschi ao estudo dos benefícios da aromaterapia nasceu a Ervaria das Luas. “Apesar de os óleos vegetais e essenciais terem resultados no corpo físico e beneficiarem a pele, a alma do que faço está no acesso ao corpo vibracional”, diz. 

Enraizada em Cunha, cidade do interior paulista, ela mesma planta e colhe boa parte do que será usado no preparo dos produtos, feitos todos a mão, um a um. “Prezo pelo zelo que meus fornecedores têm com a questão, eles precisam estar alinhados com esse propósito”, diz ela, que tinge os sacos de tecido utilizados em algumas embalagens com plantas do jardim e usa fita de goma para fechar as caixas de papel, além de dar ideias e receitas para que os clientes reutilizem os frascos de vidro quando as essências acabam.

A noção de sustentabilidade da marca se estende ao social. “Como Cunha é a cidade da cerâmica e tem um histórico das mulheres paneleiras, tenho ido até elas para que produzam copos de barro que transformo em velas aromáticas”, conta Verreschi. Foi a forma que encontrou de agregar visibilidade a essas mulheres, gerando renda. “Por meio desse trabalho a gente traz também uma sustentabilidade humana, de ser.”