
Edie Campbell Harper’s Bazaar UK Março 2017 by Agata Pospieszynska

Memória ou delírio. Do hospício para o espaço.
PASSADENA – Depois de dominar os cinemas, os super-heróis e seus vilões começaram a tomar também a televisão, com produtos mais acessíveis e leves (Agents of S.H.I.E.L.D., Supergirl) e outros mais sombrios e realistas (as parcerias da Marvel com a Netflix, como Demolidor e Luke Cage). Mas na quinta-feira, 9, às 22h30, no canal FX, estreia uma que jura ser diferente: Legion, baseada nos quadrinhos de Chris Claremont e Bill Sienkiewicz da série X-Men e comandada por Noah Hawley (Fargo). É o que promete a produtora Lauren Shuler Donner, experiente no assunto: mulher de Richard Donner (diretor dos clássicos Superman com Chistopher Reeve), que foi fundamental na explosão das adaptações dos quadrinhos para o cinema com a série de filmes X-Men. “Acredite em mim: não vai ser nada parecido com nada que você viu. É uma série revolucionária em muitos aspectos”, disse em entrevista ao Estado em Pasadena, na Califórnia.
De fato, o piloto da série em oito episódios anima, com cenas visualmente elaboradas e influências de Stanley Kubrick, Terrence Malick e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. O protagonista David Haller (Dan Stevens) está internado em um hospital psiquiátrico, diagnosticado com esquizofrenia paranoide. “Li bastante Oliver Sacks e falei com pessoas com essa condição e cuidadores também”, contou Stevens. “Muita gente não tem o diagnóstico correto e tem de viver nessa situação em que não há distinção entre o que é real e o que não é.” A chegada de Syd (Rachel Keller) muda sua perspectiva: os dois se apaixonam, mesmo que ela não permita ser tocada por ninguém. “Estando preso em um hospital psiquiátrico, é preciso ter esperança”, explicou Stevens. “No caso dele, pode ser uma falsa esperança. O amor, claro, tem poder transformativo, mas também provoca uma espécie de loucura. Para David, é ainda pior, algo a mais em uma mente já perturbada.”
A narrativa pula no tempo, mostrando David sendo interrogado depois do desaparecimento de Syd, e também no espaço, já que não dá para saber o que é memória ou delírio do personagem principal. “Temos narrativas fragmentadas, memórias dentro de memórias e um narrador em quem não dá para confiar, em um mundo de fantasia”, disse Donner. Em dado momento, ele passa a ser tratado por uma terapeuta adepta de métodos pouco convencionais, Melanie Bird (Jean Smart). Mas, na verdade, a condição de David é uma mutação. “Em X-Men, todos são incompreendidos, não se encaixam nem são tratados direito pela sociedade”, diz Donner. “David foi empurrado para o lado e colocado em um hospital. Por causa de seus poderes mutantes, disseram que era louco.”
A experimentação narrativa de Legion permite que, de repente, haja um número de dança ao estilo Bollywood. “A série tem espaço para coisas bem malucas, mudanças de estilo e gênero”, disse Dan Stevens. “É um playground de fantasia, na verdade, todos os departamentos estão brincando e testando coisas novas que nunca tinham sido feitas.” O ator, que ficou conhecido por pedir para sair de Downton Abbey, em que interpretava Matthew Crawley, acabou voltando à televisão por ter a sensação de ser algo um pouco ambicioso. A combinação de tantos elementos pode inspirar certo ceticismo, mas faz diferença a assinatura de Noah Hawley. Ele também foi recebido com desconfiança no anúncio de uma série baseada no filme Fargo (1996), dos irmãos Ethan e Joel Coen, vencedor de dois Oscars (roteiro e atriz). E Fargo, a série, tornou-se uma das melhores coisas da televisão nos últimos anos. [Mariane Morisawa]
Fragmentado (Split), novo longa de M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido, Sinais, A Visita) segue no topo das bilheterias dos EUA pela terceira semana seguida. O longa dessa vez arrecadou US$ 14,6 milhões e bateu a sua maior concorrência que era o terror O Chamado 3. No total, o suspense tem quase US$ 100 milhões.
No longa, seguimos um homem chamado Kevin, interpretado por James McAvoy (X-Men: Apocalipse) que tem impressionantes 24 personalidades. No filme, Kevin já compartilhou 23 destas personalidades com sua terapeuta, vivida no filme por Betty Bucley (Oz) mas que tem uma 24ª e ela é extramemente perigosa, ao ponto que convence ele a sequestrar três adolescentes e mantê-las no seu porão. As meninas, então, lutam para sobreviver.
O filme estreia em 23 de março no Brasil.
O Chamado 3 ficou em segundo lugar e levou cerca de US$ 13 milhões na estreia. Este é o terceiro filme da franquia O Chamado, que tem como vilã e protagonista a menina Samara. Agora, a trama será centrada no casal Holt (Alex Roe) e Julia (Matilda Lutz) e sua relação com a famosa fita de vídeo. Aviva Goldsman, David Loucka e Jacon Aaron Estes escrevem o roteiro dirigido por F. Javier Gutiérrez (Tres Días). Chamados estreia em 2 de fevereiro no Brasil.
A terceira colocação ficou com Quatro Vidas de Um Cachorro que arrecadou U$S 10,8 milhões. Alvo de polêmica sobre maltratos aos cães que estavam na filmagem, o longa foi inocentado recentemente por uma insituição que defende os animais.
O longa acompanha as quatro vidas de Bailey (voz de Josh Gad) e sua busca pela razão de continuar voltando à Terra quando seu tempo nela acaba. Britt Robertson (O Maior Amor do Mundo), Josh Gad (Pixels), Dennis Quaid (Vegas), Peggy Lipton (Crash), Juliet Rylance (The Knick) e Logan Miller (Como Sobreviver a um Ataque Zumbi) também estão no elenco. O filme estreou nos cinemas brasileiros no último dia 26.
Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures) ficou em quarto lugar. Foram mais US$ 10,4 milhões arrecadados no fim de semana.
O longa adapta o livro Estrelas Além do Tempo e conta a história de Katherine Johnson (Taraji P. Henson), uma matemática que, junto com suas amigas, foram o cérebro por trás de uma das maiores operações dos EUA – o lançamento do astronauta John Glenn em órbita e seu retorno em segurança. Octavia Spencer e Janelle Monáe completam o elenco principal, que tem ainda Kirsten Dunst, Kevin Costner e Jim Parsons.
O filme já está em cartaz no Brasil.
La La Land – Cantando Estações fecha o top 5 arrecadando US$ 7,45 milhões e chegando a um total de US$ 118 milhões nas bilheterias.
O longa explora uma versão contemporânea do sonho de fazer sucesso em Los Angeles. Focando no romance entre uma aspirante à atriz (Emma Stone) e um pianista (Ryan Gosling), a ideia é passar uma noção mais real de quem são as pessoas que vão à cidade para tentar dar certo no showbusiness. J.K. Simmons, Jessica Rothe, Sonoya Mizuno e Callie Hernandez completam o elenco. Damien Chazelle, de Whiplash: Em Busca da Perfeição, é o diretor. O lançamento no Brasil foi no último 19 de janeiro.
Quando estava grávida de Blue Ivy, Beyoncé deu a notícia ao mundo depois de uma performance de Love On Top no VMA, em que termina jogando o microfone no chão, desabotoando o colete e acariciando a barriga. Dessa vez, a cantora anunciou que espera gêmeos por meio de um photoshoot em que mostra sua barriga.
Quando o assunto é Beyoncé há sempre muito do que se falar. Em sua primeira gravidez, muitos pensaram que a Mrs. Carter estava fingindo e usando espumas na barriga. A escolha de de deixar a parte do corpo à mostra nesse ensaio pode ser um indício de que ela não desejava nenhum tipo de boato dessa vez. Outra polêmica que circulou na internet desde o anúncio, foi a respeito da qualidade do ensaio, com centenas de críticas à estética das fotos.
O que não foi revelado é que toda a proposta das fotos segue um conceito consistente. Como todos sabem, Bey vem inserindo assuntos políticos em sua arte, como o seu álbum visual Lemonade, que fala desde feminismo até os direitos dos negros. É também de conhecimento de todos que ela é extremamente cuidadosa quando se trata da sua imagem, colocando na mídia tudo o que quer de forma bastante planejada, inclusive preferindo adotar uma postura low-profile na maioria das vezes. Com o ensaio da gravidez, não poderia ser diferente.(beyonce.com/)
Ao que tudo indica, o escolhido para clicá-la foi Awol Erikzu, um fotógrafo da Etiópia que se tornou um queridinho da cena artística de Nova York com seu trabalho. Suas fotos tratam de examinar a cultura negra americana, conectando-se inclusive com membros de coletivos de hip-hop norte-americanos. Beyoncé procurou o jovem artista para uma sessão de fotos que tivesse algum cunho histórico e os dois, juntos, chegaram à ideia de colocá-la como uma mãe Flamenga (da região da Holanda) do século 15. Erikzu concentra sua carreira em representar pessoas negras e ficou conhecido, justamente, por recriar clássicos da pintura com imagens de negros. O uso do enquadramento de três quartos com a a expressão calma da cantora, faz com que ela pareça mais maternal e menos autoritária.
Beyoncé surpreende a todos mais uma vez mostrando que cada parte de seu trabalho é muito elaborada e, normalmente, possui ricos significados, que podem não ser captados em um primeiro olhar. O resultado disso foi uma menção no Guiness Book ao quebrar o recorde de foto mais curtida em 12 horas, colecionando o total de 1.4 milhões de likes na rede social.
Relembre a apresentação em que a cantora anunciou que estava grávida de Blue Ivy
Brasileiro Hugo Barra deixa Xiaomi para assumir área de realidade virtual no Facebook
Era 1h30 quando a polícia chegou para dispersar a festa de formatura do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) no ano 2000.
Mais de 200 estudantes estavam na pista de atletismo da universidade, tomando cerveja e champanhe servidas por dois caminhões. Muita gente fugiu quando a polícia chegou, mas Hugo Barra, o presidente da turma naquele ano, foi detido enquanto estava “tentando dar partida em um dos veículos e fugir”, segundo uma reportagem no jornal da universidade.
Passados 17 anos, Barra deixou as travessuras estudantis no passado e se tornou um dos mais admirados executivos no setor mundial de tecnologia.
Depois de ascender na hierarquia do Google e assumir um posto sênior na fabricante chinesa de smartphones Xiaomi, o engenheiro brasileiro foi escolhido agora para comandar a área de realidade virtual do Facebook.
“As pessoas que são muito inteligentes de verdade em geral são tediosas, mas ele tem estilo”, diz Robin Chan, amigo de Barra.
Visitar a página de Barra no Facebook oferece um vislumbre desse estilo. Ele é visto andando de hoverboard no escritório da Xiaomi e posando para selfies coletivos com os “fãs da Mi” (adoradores dos aparelhos da empresa).
Nos três anos e meio em que comandou as vendas mundiais da empresa, Barra falou em hindi em lançamentos da Xiaomi e cantou caraoquê em chinês.
No entanto, amigos dizem que, apesar da personalidade gregária que exibe on-line, Barra é “uma pessoa tímida e muito carinhosa, mas excelente em apresentar e divulgar o que ele faz”.
O talento para comunicação, somado à formação em engenharia, faz de Barra uma raridade no setor, em que nerds balbuciantes e especialistas em marketing bem falantes são em muitos casos espécies distintas.
As duas capacidades são vitais para o Facebook, já que, a despeito de bilhões de dólares de investimento na unidade Oculus VR, as vendas continuam fracas.
Chan, cofundador e presidente-executivo da Operator, uma empresa de comércio eletrônico de San Francisco que tem Barra como um de seus conselheiros, diz que o amigo tem a combinação certa entre visão e determinação necessária a levar a realidade virtual às massas.
No Google, onde no final de sua passagem comandava a área da plataforma Android para smartphones e outros aparelhos, “ele desenvolveu a reputação de ser um gestor fenomenal, muito cuidadoso”, diz Chan.
“Ele não é uma pessoa fofa –tem um lado bem duro–, mas é capaz de levar o pessoal a novas alturas.”
Contratar Barra em 2013 foi visto como grande vitória para a Xiaomi. No entanto, a despeito de ter encontrado sucesso na Índia, a empresa enfrentou dificuldades para manter seu crescimento inicial no mercado de origem.
Os esforços para conquistar espaço em outros mercados emergentes, como o Brasil, não avançaram muito.
Barra, de 40 anos, já estava ansioso por voltar à Califórnia quando Mark Zuckerberg começou a tentar atrai-lo para o Facebook.
“O que Hugo aprendeu em sua jornada na Xiaomi foi como construir um negócio com base em tecnologia ainda crua”, diz Chan. Embora a realidade virtual ainda não tenha se tornado um sucesso comercial, “se há alguém capaz de fazê-lo, é ele”. [Financial Times]